“Desde a campanha eleitoral nós dizemos isso. Tanto o governo militar quanto a nossa social democracia, em 40 anos de governo usaram as estatais. Os militares deixaram o legado de infraestrutura e sem corrupção. Só que elas cumpriram a missão”, disse Paulo Guedes, nesta quarta-feira (1º/12), durante evento sobre a 5ª Certificação do Indicador de Governança IG-SEST, instrumento de avaliação das práticas de gestão das estatais federais, organizado pela Secretaria Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados da pasta.
Durante a fala, em tom de campanha, Paulo Guedes, que trabalhou para a ditadura do general chileno Augusto Pinochet, deixou de comentar sobre as décadas de censura do governo militar brasileiro, em que os escândalos eram abafados. Além disso, os opositores ao regime autoritário — que deixou uma dívida externa gigantesca com as obras, culminando em vários calotes que geraram crises e inflação sem precedentes — eram exilados, presos, torturados e assassinados, como mostram vários livros e documentários sobre os anos de chumbo do país.
O ministro também comentou sobre os planos de criar um novo ministério para a gestão do patrimônio no novo governo e criticou o aparelhamento político das estatais, apesar ter pouco resultado para mostrar após quase três anos de governo em relação às promessas feitas em janeiro de 2019. O deficit zero no primeiro ano de governo, por exemplo, virou lenda, assim como a arrecadação de R$ 1 trilhão com a venda das estatais.
Críticas à Lula
Em claro sinal de que partiu para a campanha eleitoral, Guedes aproveitou o evento para criticar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que usou as redes sociais para defender o fim da atual política de preços da Petrobras. “Digo em alto e bom som: nós não vamos manter essa política de preços de aumento do gás e da gasolina que a Petrobras adotou por ter nivelado os preços pelo mercado internacional. Quem tem que lucrar com a Petrobras é o povo brasileiro”, escreveu o petista.
“Elas (as estatais) foram aparelhadas politicamente e foco de assalto. Chega! O estado se hipertrofiou. Vamos transformar o estado brasileiro e desinvestir”, afirmou Paulo Guedes, defendendo a redução do tamanho do Estado e a privatização das estatais para elas não perderem a relevância.
No caso da Petrobras, o ministro reforçou que, dentro de 10 ou 15 anos, a estatal perderá a relevância. “É importante privatizar a Petrobras. O mundo inteiro está indo em direção ao verde. O futuro é verde e não é a mão suja de graxa”, afirmou Guedes, em referência à histórica foto de Lula quando foi tirado o primeiro petróleo do pré-sal. Ele ainda criticou o fato do petista — que conseguiu transformar o Brasil em credor do Fundo Monetário Internacional (FMI), aumentando as reservas internacionais e acabando com o risco de calote na dívida externa — liderar as pesquisas eleitorais. “Voltar para quê? Para saquear?”, questionou.