Para Meirelles, prisão de amigos de Temer vem em boa hora

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Publicamente, jamais o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, vai assumir. Mas aliados dele admitem que a prisão de amigos do presidente Michel Temer, entre eles, o advogado José Yunes, aumenta as chances de ele ser o candidato do MDB ao Palácio do Planalto. Temer tende a ficar mais enfraquecido e acuado.

Para aliados de Meirelles, que trabalham arduamente por sua candidatura, cresceram muito as chances de a Procuradoria-Geral da República apresentar uma terceira denúncia contra Temer, que já não dispõe da mesma força no Congresso. Ou seja, em vez de se dedicar a uma campanha à reeleição, Temer teria que se concentrar em sua defesa.

As prisões de José Yunes e do ex-coronel aposentado da Polícia Militar João Baptista Lima Filho são um baque para Temer. Primeiro porque os pedidos vieram da procuradora-geral Raquel Dodge, escolhida por Temer para chefiar o Ministério Público. Nas denúncias anteriores, o presidente acusava o antecessor de Dodge, Rodrigo Janot, de perseguição. Agora, não poderá usar o mesmo argumento.

Portanto, avaliam os estrategistas da campanha de Meirelles, Temer está mais fraco para se defender. E isso não combina com uma candidatura à reeleição. Assim, Meirelles vai mais forte para o processo de filiação ao MDB, marcado para 3 de abril. Sem as prisões dos amigos de Temer, a tendência seria de ele ser vice na chapa encabeçada pelo presidente. Agora, desponta com o cabeça de chapa.

“O bom da política é que tudo muda muito rápido”, diz um dos articuladores da campanha de Meirelles. “Todos estavam apostando que, no máximo, Meirelles seria vice de Temer, numa chapa puro-sangue do MDB. Agora, o partido terá que se agarrar com tudo ao nome de Meirelles para liderar a chapa da legenda”, acrescenta.

Mas se há comemoração no entorno de Meirelles, a preocupação é enorme no Palácio do Planalto. Auxiliares de Temer estão tentando encontrar um discurso para preservar o presidente. Mas está difícil. Com as prisões de Yunes e do coronel Lima Filho, tão próximos de Temer, colocou-se um faca no pescoço do presidente.

Brasília,

Vicente Nunes