Em conversas reservadas com aliados do presidente, eles ressaltam a importância da presença de Guedes no governo, sobretudo por alavancar apoio entre empresários e integrantes do mercado financeiro. Contudo, isso está longe de se aceitar o ministro como entrave para que políticas que garantam votos sejam levadas adiante.
Na avaliação de Flávio, Carlos e Eduardo, o presidente precisa manter o auxílio emergencial que alavancou a popularidade do governo, mesmo que em um valor menor do que os atuais R$ 600, e, ao mesmo tempo, tocar obras importantes.
A visão é de que o benefício pago às pessoas que perderam renda por causa da pandemia do novo coronavírus tem impacto de mais curto prazo na economia. Sendo assim, é importante que as obras sustentem, mais à frente, a atividade, evitando decepção dos eleitores justamente quando a campanha à reeleição já estará a todo vapor.
Posto Ipiranga já não inspira mais presidente
Quando questionados sobre o futuro de Guedes no governo, os três filhos do presidente dizem que o pai tem forte apreço pelo Posto Ipiranga, mas que a relação entre os dois entrou em processo de declínio.
Primeiro, pela intransigência do ministro. Segundo, por expôr, desnecessariamente, a discussão travada nos bastidores do governo pelo aumento de despesas, o que poderá implicar em estouro do teto de gastos. Terceiro, por, repentinamente, Guedes buscar apoio do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que não é bem-visto no Planalto. “Ficou feio”, diz um dos filhos de Bolsonaro.
Flávio, Carlos e Eduardo admitem que a situação de Guedes, que pode deixar o governo, não é irreversível. Mas, se ele ficar no cargo, com certeza, estará mais fraco do que nunca. Será mais um ministro, e não mais a referência na área econômica.
Bolsonaro tem gostado muito do que vem ouvindo do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e do ministro de Infraestrutura, Tarcísio Freitas. O presidente descobriu que há uma outra corrente de pensamento muito mais próxima de sua essência. Ou seja, um Estado mais forte e indutor do crescimento.
Brasília, 10h25min