Para FGV, ciclo de deflação acaba em setembro e IPCA volta a subir em outubro

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ROSANA HESSEL

A queda de 0,29% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro divulgada, nesta terça-feira (11/10), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), deve encerrar o ciclo de três meses com deflação. Para outubro, a inflação deve voltar, e com força, alerta o economista Andre Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).

Segundo o especialista em índice de preços, os efeitos da queda nos preços da gasolina estão sendo dissipados e, a partir deste mês, mesmo com a Petrobras adiando o aumento no preço da gasolina para depois do segundo turno das eleições, o IPCA deverá subir neste mês.  “Vamos voltar a ver a inflação porque, tirando a gasolina, não haveria taxa negativa do IPCA em nenhum mês neste ano e, muito menos, em outubro”, disse Braz, em entrevista ao Blog.  Ele adiantou que prevê alta de, pelo menos, 0,4% no IPCA deste mês.

“Em outubro, vamos ter uma taxa bem positiva do IPCA, quem sabe na casa de 0,4%, ou seja, bem acima da queda de 0,29% de setembro. Mas isso pode acelerar mais, porque a Opep (Organização dos Países Produtores de Petróleo) reduziu a oferta e isso pode fazer com que os preços do barril avancem, obrigando a Petrobras também a aumentar os preços no mercado interno”, destacou. Para ele, a estatal só deverá voltar a aumentar os preços da gasolina depois da eleição, no próximo dia 30 e, com isso, deverá fazer a “inflação voltar a acelerar no fim do ano”.

Pelas projeções de Braz, o IPCA deverá encerrar o ano com alta entre 5,6% e 5,7%, abaixo das previsões iniciais, mas ainda acima do teto da meta de inflação determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 5%, neste ano. “A queda do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) tem um peso enorme nesse recuo do IPCA, porque o limite de 18% na alíquota reduziu os custos dos combustíveis, da energia elétrica e da telefonia. Mas existem outros preços dinâmicos que ainda podem subir, como é o caso da gasolina, que podem subir por conta da alta no barril do petróleo”, ressaltou.

Conforme dados do FGV Ibre, o Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) subiu 0,26% na primeira quadrissemana de outubro, após registrar variação positiva de 0,02% na última quadrissemana de setembro.  Segundo a instituição, todas as sete capitais pesquisadas registraram alta de preços, confirmando que a carestia volta para o campo positivo neste mês.

Vicente Nunes