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A decisão do governo, que será executada pela Petrobras, foi tomada depois da disparada dos preços do litro do biodiesel nos leilões de mercado. Na quarta-feira, o litro bateu em R$ 5,70, superando as previsões do governo, que interrompeu a oferta. O aumento do biodiesel tem que ser repassado para o diesel, com impacto nas bombas.
Diante desse quadro, a ideia do governo era de ser ainda mais agressivo e baixar a mistura do biodiesel ao diesel a apenas 8%. Mas a gritaria das empresas produtoras de biodiesel foi grande, alardeando pesados prejuízos. Muitas estão em processo de expansão de fábricas e preparando lançamento de ações em Bolsa de Valores (IPOs, na sigla em inglês).
Pelos cálculos dos produtores, com a redução da mistura para 10%, deixarão de ser produzidos, em dois meses, cerca de 300 milhões de litros biodiesel. Os fabricantes de biodiesel dizem, ainda, que, além de agradar os caminhoneiros, o governo, com a medida, atenderá a pleitos de importadores de diesel, que ampliarão os ganhos.
Os preços do biodiesel estão subindo por causa da forte valorização das commodities no mercado internacional, em especial, da soja. O grão responde por 70% do biodiesel produzido no país. “O governo sabe que o momento é complexo. Os grãos estão em alta, o petróleo está mais caro. Tudo isso se reflete nos preços dos combustíveis”, diz um empresário.
Ele acrescenta que combustíveis mais caros batem nos custos das transportadoras, que repassam para os fretes e, daí, para as mercadorias. É uma espiral de inflação. Ao reduzir a mistura do biodiesel ao diesel, o governo quer conter uma parte desse movimento. Mas não será fácil. O biodiesel é um dos principais instrumentos para reduzir a emissão de gases de efeito estufa.
Brasília, 20h17min