No entender de Bolsonaro, o Exército não deve punir Pazuello, “que é um homem de bem”. Para o presidente, o general subiu ao seu palanque com cidadão civil, em apoio a um projeto que ele acredita ser o melhor para o Brasil. Foi um “gesto natural”, segundo o chefe do Executivo.
Pelo Estatuto dos Militares e pelo Regulamento Disciplinar do Exército, oficiais da ativa estão proibidos de participar de manifestações políticas coletivas. E há uma posição fechada do Alto Comando das Forças Armadas de que a política deve ficar de fora dos quartéis. Portanto, Pazuello transgrediu todas as regras.
Está decidido que o general, que foi ministro da Saúde, terá cerca de 10 dias para apresentar um ampla defesa por meio de um processo administrativo. Ele já falou com o comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira, e com o ministro da Defesa, Braga Netto, e admitiu que errou.
Se Bolsonaro acredita que a punição a Pazuello será mínima, apenas para calar a boca de críticos, opositores do governo torcem para que o Exército dê um bom exemplo, para não sair desmoralizado dessa história, pois o general, que não poderia estar num palanque, ainda contrariou todas as normas de segurança em meio à pandemia. Nem de máscara ele estava.
A tensão é grande no meio militar e no político. A crise com criada por Pazuello, ao mais uma vez se subordinar a Bolsonaro, está longe de acabar. Um dos caminhos para atenuar o processo é Pazuello se transferir imediatamente para a reserva.
Brasília, 17h31min