Desde o fim de semana, quando ficou claro que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovaria o uso da CoronaVac, fabricada pelo Instituto Butantan, o presidente da República vem se remoendo de raiva e busca uma forma de partir para cima de Doria.
“A hora dele vai chegar”, teria dito Bolsonaro a alguns interlocutores. Doria posou como o grande salvador da lavoura ao insistir na fabricação da vacina em parceria com o laboratório chinês Sinovac. O governador paulista tirou do governo federal a tão desejada foto do primeiro brasileiro vacinado em solo nacional contra a covid-19.
Derrota presidencial
A derrota de Bolsonaro para Doria ficou ainda maior porque o governo federal fracassou na tentativa de importar, da Índia, 2 milhões de doses da vacina produzida pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford. Com isso, só restou ao país, pelo menos neste momento, a CoronaVac como opção.
A meta de Bolsonaro é tirar Doria do caminho para 2022, quando o chefe do Palácio do Planalto tentará a reeleição. E não medirá esforços para isso. Também está decidido que, para conter a perda de popularidade, que começa a aparecer nas pesquisas, o presidente reforçará seu antagonismo com o PT, que movimenta seus seguidores.
Resta saber que armas Bolsonaro terá para enfrentar o governador paulista. O que se diz no Palácio do Planalto é que a guerra entre o presidente e Doria vai esquentar — e muito. “Bolsonaro não se dará por vencido. Ele está com o ego muito ferido”, diz um integrante do governo.
Brasília, 22h36min