Em nota, o presidente e o vice-presidente do Senado, Davi Alcolumbre e Antônio Anastasia, foram enfáticos: “Neste momento grave, o país precisa de uma liderança séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da sua população. Consideramos grave a posição externada pelo presidente da República hoje, em cadeia nacional, de ataque às medidas de contenção ao Covid-19”
Para os dois senadores, a posição de Bolsonaro, que insiste em classificar a Covid-19 como “gripezinha” e “resfriadinho”, está na contramão das ações adotadas em outros países, onde o número de mortes não para de aumentar. Eles também criticaram os ataques feitos pelo presidente à imprensa e a governadores e prefeitos que têm agido para tentar conter a pandemia.
“Reafirmamos e insistimos: não é momento de ataque à imprensa e a outros gestores públicos. É momento de união, de serenidade e equilíbrio, de ouvir os técnicos e profissionais da área para que sejam adotadas as precauções e cautelas necessárias para o controle da situação, antes que seja tarde demais”, frisaram os senadores.
Perplexidade
No pronunciamento, Bolsonaro disse que é hora de acabar com o confinamento de pessoas, que entenderam a importância de ficar em casa para evitar a disseminação do novo coronavírus. O presidente pregou a reabertura de escolas e comércio, pois é importante preservar a economia e os empregos.
“A nação espera do líder do Executivo, mais do que nunca, transparência, seriedade e responsabilidade. O Congresso continuará atuante e atento para colaborar no que for necessário para a superação desta crise”, destacaram os senadores. A presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, senadora Simone Tebet, se disse “perplexa” com o pronunciamento de Bolsonaro.
Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, é inaceitável que o presidente da República questione todos os fundamentos da ciência para insuflar a população a desrespeitar as medidas de combate à Covid-19. “Entre a ignorância e a ciência, não hesite. Não quebre a quarentena por conta deste que será reconhecido como um dos pronunciamentos políticos mais desonestos da história”, frisou em uma rede social.
Na avaliação do senador José Serra, “o pronunciamento do presidente Bolsonaro foi na contramão do mundo e da realidade apresentada pelo seu Ministério da Saúde: já são mais de 2.200 casos confirmados de coronavírus no Brasil e 46 mortes, sendo 40 no estado de São Paulo”, destacou.
Para Serra, o país está no meio a uma pandemia que não deve minimizada. “É preciso reconhecer que a economia não vai se recuperar de forma imediata e que é preciso fortalecer o SUS, mediante a operacionalização de um fundo que disponha dos recursos e da agilidade necessários ao combate às consequências do coronavírus”, afirmou.
Brasília, 21h10min