Para os analistas, mais importante do que a alta do dólar, que voltou a ser cotado acima de R$ 3,80, é a velocidade do aumento de preço. Quanto mais rápida for a valorização da moeda dos Estados Unidos, maior será o impacto sobre os índices de preços e maior a desconfiança entre os agentes econômicos.
O BC pode até aceitar um dólar acima de R$ 4, desde que a alta da moeda seja lenta e gradual. Movimentos atípicos tiram a previsibilidade de todos os que atuam no câmbio e ampliam as distorções. Por isso, o BC vem intervindo todos os dias no câmbio para reduzir os excessos e a volatilidade.
Segundo Ivo Chermont, economista-chefe da gestora de recursos Quantitas, um dólar acima de R$ 4 começa a preocupar, sobretudo se a alta da moeda for muito rápida. Por enquanto, ressalta ele, o BC tem conseguido reduzir o estresse por meio de suas intervenções. Tanto que as expectativas de inflação, mesmo as de prazos mais longos, continuam ancoradas nas metas, o que, em tese, não implica alta dos juros.
“Fizemos várias simulações. Se o dólar subisse para R$ 4 até o fim de julho e para R$ 4,50 até dezembro, os juros teriam que aumentar em outubro próximo. Caso a moeda se mantenha entre R$ 3,70 e R$ 3,80, a alta dos juros só será necessária a partir do segundo semestre de 2019”, afirma Chermont.
Carlos Thadeu Filho, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), ressalta que um dólar entre R$ 3,80 e R$ 4 é aceitável. Entre R$ 4 e R$ 4,50, começa a incomodar. Ele diz que a valorização do dólar já está impactando a inflação. Mas que não vê motivos para o BC elevar os juros se os índices de preços se acomodarem entre 4% e 4,2%.
Para Thadeu, a economia fraca reduz a capacidade da indústria e do comércio de repassar aumento de custos para os consumidores. Mas é preciso ficar muito alerta. Não à toa, o BC anunciou que vai intervir no mercado até quando for necessário. E já anunciou mais US$ 10 bilhões em swaps cambiais para a próxima semana.
Brasília, 20h01min