O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, já foi avisado de que o Brasil pode enfrentar um apagão de vacinas nas próximas semanas. O risco disso acontecer aumentou muito nos últimos dias, diante da falta de insumos para a produção da CoronaVac pelo Instituto Butantan e do ritmo lento da Fiocruz para envasar a Covishield, desenvolvida pela AstraZeneca e a Universidade de Oxford.
A meta de Queiroga era de que, ainda em abril, o Brasil já estivesse vacinando 1 milhão de pessoas por dia, mas esse objetivo ainda está bem distante. O Butantan suspendeu a produção porque o Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), fundamental para a produção do imunizante, não chegou da China nesta quarta-feira (07/04), como esperado. A previsão é de que a matéria -prima só seja entregue na próxima semana caso os acordos diplomáticos surtam efeito.
Para complicar, o cronograma de produção da Fiocruz, que enfrentou sérios problemas de adaptação de seu parque fabril para a envasar a Covishield, está muito aquém do previsto. Em abril, a fundação fez apenas uma entrega, no dia 2, para o Ministério da Saúde, de 1,3 milhão de doses. A promessa é de que mais 2 milhões de doses sejam incorporados ao Programa Nacional de Imunização até 10 de abril.
Esse volume, nem se longe, atende às necessidades do país — pelo menos sete capitais já suspenderam a vacinação de idosos, incluindo Brasília. O Butantan informa que ainda tem como entregar mais 2,5 milhões de doses na próxima semana. Essas vacinas estão sendo submetidas ao programa de qualidade e são vitais para garantir a segunda dose para muita gente.
A Fiocruz viu frustrada a perspectiva de importar 2 milhões de doses da Covishield da Índia ainda em março, mas aquele país vetou as exportações de imunizantes diante da priorização de vacinação da população local. Esse mesmo problema está acontecendo na China, que reduziu a venda de IFAs, a matéria-prima usada pelo Butantan e pela Fiocruz, também para imunizar os cidadãos chineses.
Frustração
Pelos cálculos da Fiocruz, há IFA para produção de vacinas até o início de maio. Mas a quantidade é limitada. Serão 5 milhões de doses até 17 de abril, 4,7 milhões entre 19 e 24 de abril e outras 6,7 milhões entre 26 de abril e 1º de maio. Lembrando que todas as projeções da fundação vem sendo frustradas. Por isso, o sinal de alerta foi aceso no Ministério da Saúde.
Se o IFA esperado pelo Butantan — que fornece hoje nove em cada 10 vacinas contra a covid no país — chegar da China na próxima semana, poderá fabricar mais 10 milhões de doses da CoronaVac. Caso isso ocorra, será um alívio e o risco de apagão desaparecerá por um tempo do cenário.
Brasília, 21h50min