Na visão de especialistas, faz parte do show do governo manter um otimismo em relação à economia, contudo, está claro que crescimento de 2% ou mais virou ficção. O teto para o PIB está se consolidando em torno de 1,5% por conta o estrago que o novo coronavírus está fazendo no mundo.
O clima, mundo afora, é de extrema preocupação. Não por acaso, as bolsas de valores voltaram a cair — no Brasil, a baixa, por volta das 11h40, era superior a 3% — e o dólar está apontando para cima, cotado a R$ 4,671, mesmo com nova intervenção do Banco Central no mercado.
Segundo a chanceler alemã, Angela Merkel, 70% da população da Alemanha pode ser contaminada pelo novo coronavírus. Nos Estados Unidos, a disseminação da Covid-19 está a todo vapor. Esperava-se, por sinal, que o governo de Donald Trump anunciasse nesta quarta-feira (11/03) medidas de estímulos à economia, mas nada aconteceu. Por isso, o humor azedou de novo no mercado.
Crise política
A maior preocupação dos analistas de mercado, além da crise política sustentada pelo presidente Jair Bolsonaro, é com a capacidade da rede pública de saúde do país de responder à epidemia de coronavírus. Muitos se perguntam se haverá leitos suficiente para os casos mais graves.
O Ministério da Saúde tem tentado acalmar os ânimos, mas economistas acreditam que falta estrutura para suportar uma disseminação mais rápida da Covid-19. Falta, também, visão política. Eles citam, por exemplo, o discurso de Bolsonaro, de que estão “superestimando” o poder de contaminação do vírus.
Para os especialistas, otimismo no discurso com a economia é uma coisa. Na prática, o governo precisa dar todos os sinais de que está pronto para reagir a um quadro mais grave da Covid-19. Todos concordam que, de ponto de vista econômico, o andamento das reformas no Congresso será um bom sinal. Mas se está falando de medidas de médio e longo prazos. O coronavírus requer emergência.
Brasília, 11h41min