O mesmo ministro ressalta que, há meses, o presidente da República vinha recebendo queixas dos caminhoneiros contra Castello Branco, pelas contantes altas dos preços do diesel. As reclamações foram repassadas ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que tentou contemporizar o assunto, dando sobrevida ao executivo.
O caldo, no entanto, entornou quando o ainda presidente da Petrobras disse que os caminhoneiros não eram problema da estatal. Irritadíssimos, os líderes da categoria fizeram chegar a Bolsonaro que, ou ele demitiria Castello Branco, ou os caminhoneiros transformariam a vida do governo em um inferno.
Demissão foi ato político
Bolsonaro conversou pessoalmente com alguns líderes dos caminhoneiros e prometeu fazer rapidamente a troca no comando da Petrobras e mexer na política de reajustes dos combustíveis, que passarão a ser mais espaçados, não com a frequência de agora. Somente neste ano, os preços da gasolina subiram quatro vezes e os do diesel, três, acumulando alta, respectivamente, de 27,5% e 32%.
“Portanto, a demissão de Castello Branco foi um ato político. O presidente não quer mexer com seus grupos de apoio, pois precisará deles para a reeleição de 2022”, acrescenta o ministro. Mais: Paulo Guedes foi avisado, antecipadamente, da troca de comando da Petrobras, e não se opôs.
Na visão de Guedes, o presidente tem todo o direito de preservar suas bases de apoio. E os caminhoneiros precisam ficar do lado de Bolsonaro. Como diz o ministro do Planalto, muitos diziam que o chefe da área econômica “guedezaria” Bolsonaro, mas foi Guedes que “bolsonarizou”.
Ou seja, o ministro da Economia está tão empenhado quanto Bolsonaro em garantir mais quatro anos de mandato para o atual grupo de poder. Que ninguém tenha ilusão de Guedes ser um empecilho para o populismo de Bolsonaro. O que tiver de ser feito para garantir a continuidade do presidente do Planalto será feito, sob o silêncio ensurdecedor do ministro da Economia, como se vê, agora, no caso Petrobras.
Brasília, 17h01min