O governo e as grandes empresas envolvidas nas fraudes que resultaram na venda de carne podre, inclusive para merendas escolares, estão agindo nos bastidores para tirar o assunto do centro do noticiário. O argumento é o de que o Brasil perderá muito em termos econômicos, o que pode sacrificar a retomada do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
Ora, se não quisessem estar envolvidas nesse escândalo inaceitável, as empresas deveriam ter cumprido a legislação. Simples assim. Mas, não. Acreditando na impunidade e movidos pela ganância, os frigoríficos que vendiam carne podre, com produtos cancerígenos e moída com papelão, acharam mais fácil subornar fiscais corruptos do Ministério da Agricultura.
Agora, que paguem pelo crime que cometeram. E caro. O esquema, liderado pelas gigantes JBS, dona das marcas Friboi, Seara e Big Frango, e BRF Foods, proprietária da Sadia e da Perdigão, atenta contra o bem mais sagrado, a saúde pública. O esquema criminoso desvendado pela Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, vem de muito tempo. Não começou há dois anos, tempo das investigações da PF.
A JBS e a BRF Foods têm líderes influentes junto ao governo e à mídia. Joesley Batista e Abílio Diniz têm as portas escancaradas em Brasília. Sabem, exatamente como funcionam as coisas no submundo da política. Desde sexta-feira, quando o escândalo da carne podre abalou o país, os dois têm falado com políticos de todas as matizes, de tentativa de que o governo consiga frear os estragos na imagem das companhias. Mas será difícil que consigam reverter a crise.
Já os fiscais do Ministério da Agricultura seguem tranquilos, mesmo os que estão presos. Continuam recebendo normalmente os salários. Agora, vão responder a processos administrativos, que se arrastarão por anos. Quando o caso cair no esquecimento, serão todos absolvidos. Serão remanejados para outras superintendências e seguirão a vida, certamente, prontos para continuarem convivendo com a corrupção que lhes garante vida boa.
Brasília, 13h15min