O Brasil comandado por Dilma Rousseff é o retrato do atraso. Por questões ideológicas, ela está condenando o país ao isolamento. Enquanto vizinhos como o Peru e o Chile estão comemorando o fechamento do maior acordo comercial do mundo, o Transpacífico, que poderia ser uma alavanca espetacular para a nossa combalida economia, temos de nos contentar com associações a nações que pouco agregam, como a Venezuela, um país destruído pela corrupção e pelo populismo.
Em seu discurso positivo, o governo prega que, com a alta do dólar, o Brasil ficará mais competitivo no mercado internacional. As empresas que aqui produzem poderão ampliar as exportações, o que ajudará na retomada do crescimento. O câmbio, porém, não resolve, sozinho, todos os problemas do país. Além do excesso de tributos, da burocracia e da deficiência da infraestrutura, os exportadores continuarão sofrendo com barreiras tarifárias e não tarifárias que os acordos comerciais estão derrubando para nossos concorrentes.
Mesmo sendo a sétima economia do planeta, o Brasil responde por menos de 1,5% do comércio mundial. Essa fatia só não é menor graças às exportações de commodities (grãos e minérios), segmento no qual o país é muito competitivo. O problema é que, até nesse ramo, os exportadores brasileiros correm perigo, pois os acordos preveem privilégios para seus integrantes. A Austrália, um dos membros do bloco que representa quase 40% do Produto Interno Bruto (PIB) global, poderá ampliar as vendas de açúcar para os Estados Unidos, os maiores importadores do mundo.
Como lembra o economista Sílvio Campos Neto, da Consultoria Tendências, o Brasil cometeu, nos últimos anos, erros brutais na sua política externa. Afastou-se dos grandes mercados, como o norte-americano, por questões meramente ideológicas. Deu valor a um mercado fadado ao fracasso — o Mercosul —, que se tornou uma trava para acordos que realmente poderiam ampliar o comércio internacional do país, como o negociado há mais de uma década com a União Europeia. Nessas negociações, sempre prevalecem os interesses da Argentina.
Reserva de mercado
As opções erradas do Brasil já se tornaram motivo de chacota, a ponto de o país ser chamado de “anão” no mundo diplomático. Acordos comerciais não significam apenas mais exportações e importações, representam troca de tecnologia. Num mundo cada vez mais conectado, não é possível um país ficar distante da revolução que está ocorrendo mundo afora. Quem paga a conta do isolamento imposto pelo governo é a população, que é obrigada a conviver com produtos ultrapassados e caros. Vejam os exemplos dos carros. Os modelos ofertados no Brasil não seriam consumidos em nenhuma economia civilizada e exigente.
Pouquíssimos países no mundo são tão fechados como o Brasil. A opção do governo é pelo lobby corporativista do empresariado que se beneficia das reservas de mercado. Não é por falta de alerta que o atraso prevalece. Ele está na raiz do PT, que acredita ser suficiente apenas um mercado doméstico forte para sustentar uma economia. Um país que quer ter voz no palco mundial precisa estar integrado, com parceiros estratégicos. “É uma pena não podermos tirar proveito do melhor que o mundo tem a nos oferecer”, ressalta Campos Neto.
O Brasil resultante das administrações petistas ficou na promessa. Por um bom período, acreditou-se que, finalmente, o país decolaria e se tornaria um ator global. Na verdade, o que se vê hoje é uma nação de segunda categoria, rastejando por um lugar ao sol.
Brasília, 00h10min