Analistas que estão debruçados sobre os números das pesquisas Ibope e Datafolha já admitem que, se as intenções de votos de Jair Bolsonaro continuarem subindo na velocidade dos últimos dias, ele poderá liquidar a fatura das eleições no primeiro turno. Tal probabilidade, que era remota, aumentou muito.
Os especialistas dizem que a onda Bolsonaro ganhou força, sobretudo, nas periferias das grandes cidades, que eram redutos do PT. Também caiu muito a resistência ao capitão reformado entre as mulheres, grupo no qual ele tinha enorme rejeição. Bolsonaro pode repetir a onda Lula de 2002.
Segundo Datafolha, divulgada nesta terça-feira (02/10), Bolsonaro subiu quatro pontos percentuais, para 32%. Foi o único que conseguiu avançar na pesquisa. Fernando Haddad, que vinha em arrancada, estancou em 21%, refletindo toda a rejeição ao PT.
Os analistas dizem que o discurso de direita, de resolver todos os problemas do país na força, ou na bala, como diz Bolsonaro, pegou em cheio, primeiro, as classes mais ricas e, agora, engolfou as classes menos favorecidas. Nenhum dos candidatos conseguiu se contrapôr a esse discurso.
Há ainda a percepção de que Haddad ficou colado demais em Lula. Não criou uma identidade nova, mostrando que o PT mudou. Isso deu margem para que o sentimento anti-PT, inflado muito bem pelo discurso de Bolsonaro, minasse as chances de crescimento do petista.
A perspectiva de vitória de Bolsonaro no primeiro turno já se reflete nos preços dos ativos financeiros. O dólar encerrou a terça-feira cotado a R$ 3,93 para venda, com baixa de 2,14%. Já o Ibovespa, índice que mede a lucratividade das ações mais negociadas pela Bolsa de Valores de São Paulo (B3), disparou 3,78%, para os 81.594 pontos.
Na visão dos operadores do mercado, depois do Datafolha, confirmando a disparada de Bolsonaro e abrindo a possibilidade de ele ganhar no primeiro turno, a quarta-feira (03/10) será de euforia. Não será surpresa se o dólar cair abaixo de R$ 3,90% a o Ibovespa superar os 82 mil pontos.
Brasília, 19h15min