O MEDO DE DILMA

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Fontes do Palácio do Planalto garantem que o fator preponderante para a redução da meta fiscal de 1,13% para 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB) foi o medo da presidente Dilma Rousseff de enfrentar novos problemas com o Tribunal de Contas da União (TCU).

Por causa das pedaladas fiscais de 2014, a petista corre o risco de perder o mandato. O TCU julgará as contas do ano passado até a segunda quinzena de agosto. Hoje, termina o prazo para que Dilma apresente ao Tribunal as justificativas para as estripulias fiscais comandadas pelo então ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Nas discussões sobre a redução da meta, Dilma determinou que o governo anunciasse o número mais crível possível, sem qualquer manobra. Usou o termo “100% de transparência”. Para a presidente, a meta fiscal tem que ser factível, com o governo limpando todos os esqueletos criados por ela no governo passado.

Dilma também levou em consideração o fato de ter que anunciar um grande corte de gastos, que paralisaria o governo. Ela seria obrigada a reduzir programas sociais num momento em que a popularidade está não chão. A presidente não aceita cortar o que chama de rede de proteção social num momento de forte contração da economia e de disparada do desemprego.

Apesar dessa posição de Dilma, os investidores estão arredios em relação ao ajuste, pois a redução da meta para 0,15% do PIB mostrou a fragilidade do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. O Planalto tratou de difundir junto ao mercado que o chefe da equipe econômica está mais forte do que nunca, que apenas está se adaptando às circunstâncias difíceis enfrentadas pelo país.

Levy sabe que, independentemente das justificativas que o governo venha a dar, sua imagem ficou arranhada. E que a pressão sobre ele vai aumentar, pois a ala política do governo identificou que há brechas escancaradas para fustigá-lo.

Brasília, 16h01min

Vicente Nunes