paulo guedes, em evento da caixa

“O time dos sonhos é o nosso. Os outros foram bons”, diz Paulo Guedes

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

O ministro da Economia, Paulo Guedes, aproveitou a levantada de bola feita pelo novo chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos da pasta, Adolfo Sachsida, e elogiou a equipe econômica em evento com a presidente do presidente Jair Bolsonaro (PL), em meio às notícias de enfraquecimento da pasta e do superministro com o aumento dos poderes do Centrão sobre o governo.

 

“O time dos sonhos é o nosso. Os outros foram bons. O nosso é muito melhor”, disse Guedes, nesta sexta-feira (4/2), em evento realizado pela Caixa Econômica Federal para o lançamento de um programa de crédito para caminhoneiros.  O ministro aproveitou para fazer elogios a Bolsonaro e ao presidente da Caixa, Pedro Guimarães, presentes no evento também, tentando minimizar os contratempos e perda de poder na Esplanada.

 

De acordo com o ex-chefe da Secretaria de Política Econômica (SPE), na próxima semana, a Economia divulgará um estudo feito pelo “dream team” da equipe econômica passada, chefiada pelo ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, mostrando “o que vai acontecer com o Brasil no futuro nos cenários pessimista, normal e otimista”. “Os dados mostram que estamos melhor que o cenário otimista”, garantiu Sachsida, que aproveitou para rebater as críticas de analistas do mercado.

 

“Como não fizemos reformas? Como não aproveitamos os marcos legais? Agora, quem entra nas concessões promete maior maior investimento e não maior outorga”, disse o ex-chefe da SPE. “Olhem os dados. Não acreditem em mim. Se o Brasil fizer tudo certo, estaríamos na posição A. Mas estamos melhor que na posição A”, acrescentou.

 

Sachsida, que contou que é filho de caminhoneiro, voltou a falar sobre a digitalização do pagamento do auxílio emergencial promovida pelo governo durante a pandemia, beneficiando mais de 68 milhões de brasileiros e que foi operacionalizado pela Caixa.  “O programa de contas sociais digitais é simplesmente o maior programa de inclusão digital do brasil e um dos maiores do mundo”, disse o economista. Ele contou que,. com o novo benefício, os caminhoneiros vão poder sacar o frete com taxa de desconto de 1,99% ao mês, e, atualmente, “o grosso dos caminhoneiros recebem por carta-frete”, que para descontarem para fazerem a viagem, perdem 20%. “Agora, com essa nossa medida, para o crédito giro da Caixa,  o desconto, antes de R$ 20, será de R$ 1,99 para um frete de R$ 1 mil”, comparou.

 

Logo após a fala de Sachsida, Guedes levantou-se e pegou o microfone para fazer um discurso curto, mas com tom eleitoreiro. “Como eu fui citado, eu vou quebrar o protocolo. O dream team é nosso”, disse.  Ele contou que, quando houve a reunião para a criação do auxílio emergencial a escolha de que a centralização dos pagamentos seria pela Caixa, que acabou criando a conta digital social Caixa Tem, foi uma aposta do presidente e o trabalho executado “foi extraordinário”.

 

No evento, Guedes e Sachsida não comentaram sobre os eventos recentes que tem piorado as contas públicas, como a PEC dos Precatórios e a entrada do Centrão no governo Bolsonaro, que enfraqueceu o ministro que não tem mais a última palavra sobre o Orçamento. Guedes vem encolhendo e tem dificuldades para cobrir vagas da equipe cada vez mais esvaziada desde o início do mandato.

 

A última bola nas costas da ala política do governo no Palácio do Planalto em Guedes foi a criação da PEC dos Combustíveis, apresentada ontem ao Congresso, para sem a participação da equipe econômica, que pode gerar um enorme buraco fiscal e piorar as contas públicas com o fim dos tributos sobre combustíveis por dois anos, podendo gerar um rombo fiscal adicional de mais de R$ 50 bilhões a R$ 70 bilhões, pelas estimativas de especialistas, sem considerar a inclusão da isenção tributária sobre a energia elétrica, incialmente cogitada.  Guedes vinha tentando propor a redução do Imposto sobre Produtos Industriais (IPI) como alternativa à PEC. A articulação da nova PEC foi feita entre a Casa Civil, comandada pelo ministro Ciro Nogueira e por deputados do Centrão.