Pessoas influentes do governo já veem um certo desgaste do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que chegou todo poderoso à equipe do presidente interino, Michel Temer. Dizem que a forte divisão no entorno do peemedebista sobre a meta fiscal de 2017, que deve ser enviada ao Congresso na quarta-feira, 6, é o sinal mais claro de que Meirelles não apita sozinho na área econômica. Muito pelo contrário.
Quando Meirelles chegou ao governo, acreditava-se que ele seria soberano nas decisões relacionadas à economia. Mas, com o tempo, percebeu-se que a ala política do Palácio do Planalto, liderada pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, estava disposta a funcionar como um contraponto. E conseguiu. Tanto que, nas últimas discussões, fez valer sua visão ao levar Temer a apoiar aumento de salário para os servidores públicos e a reajustar os benefícios do Bolsa Família. Meirelles ficou falando sozinho, tendo que explicar aos investidores que, mesmo com os bilhões a serem gastos a mais, o compromisso com o ajuste fiscal está mantido.
Para gente que acompanha o governo dentro do Planalto, se realmente estivesse forte, Meirelles teria fechado a estimativa de rombo nas contas públicas em 2017 sozinho com Temer. Não teria que submeter o assunto a Padilha e a Gedel Vieira Lima, secretário de Governo. Os dois querem que o deficit do ano que vem seja idêntico aos R$ 170,5 bilhões de 2016, para que possam acomodar todas as demandas políticas. O ministro da Fazenda e equipe defendem um rombo menor, de, no máximo, R$ 150 bilhões, para dar um sinal de austeridade ao mercado.
O enfraquecimento de Meirelles não é bom sinal para Temer. O presidente interino precisa que a economia volte a crescer para fazer uma travessia tranquila até 2018. Os agentes econômicos que vinham dando um voto de confiança ao governo já botaram os pés para trás novamente. Dizem que, sem a arrumação das contas públicas, o país não sairá da recessão.
Brasília, 00h25min