O silêncio retumbante dos militares, agora associados a Queiroz

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Integrantes da Esplanada dos Ministérios estão se perguntando o que têm a dizer os militares que ocupam cargos estratégicos no governo, agora associados ao caso Fabrício Queiroz, que foi preso nesta quinta-feira (18/06). Ou os militares acreditam que nada têm a ver com a bomba que caiu no colo do presidente da República, Jair Bolsonaro?

Desde que a prisão de Fabrício Queiroz ocorreu, ninguém do núcleo militar se deu ao trabalho de vir a público comentar o caso, nem sequer para defender Bolsonaro. Como se sabe, Queiroz, que conheceu o presidente em 1984, é acusado de comandar um esquema de “rachadinha” a mando de Flávio Bolsonaro, quando ele era deputado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Quando se referem a Bolsonaro, os militares fazem sempre questão de ressaltar o fato de o presidente da República não estar envolvido em nenhuma denúncia de corrupção. A descoberta de que Queiroz estava escondido há mais de um ano na casa do advogado da família Bolsonaro esfarelou tal discurso.

Prontos para a guerra

Pessoas com trânsito no Palácio do Planalto dizem que o desconforto dos militares com o caso Queiroz é grande, que isso ainda dará muito dor de cabeça, mas o momento é de ainda estar ao lado do presidente. Todos mantêm a confiança no discurso da ética.

Resta saber até onde os militares estão dispostos a ir. Uma coisa é certa: eles estão inebriados com o poder. E acreditam que têm condições de conter qualquer turbulência que atingir o Planalto. Como diz um interlocutor dos militares, eles estão preparados para a guerra.

Seja como for, os militares admitem que o governo nunca esteve numa situação tão complicada como agora, com Fabrício Queiroz podendo fazer uma delação premiada, com vários processos sendo analisados pelo Superior Tribunal Eleitoral (TSE) e dois pesados inquéritos tramitando no Supremo Tribunal Federal (STF).

Brasília, 18h09min

Vicente Nunes