O perigo de um Meirelles fundamentalista

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HAMILTON FERRARI

Está causando muito estranhamento nas redes sociais um vídeo gravado pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, destinado à comunidade evangélica. Teme-se que, na ânsia de se eleger presidente da República, ele acaba adotando um discurso fundamentalista, totalmente reacionário. Não é o caso até agora, ressalte-se.

No vídeo, Meirelles pede a oração de todos em favor da economia. “Preciso contar com a oração de todos vocês. Estamos trabalhando com ética, integridade, trabalhando duro para que a economia volte a crescer”, diz.

O ministro, que tem participado constantemente de encontros com evangélicos, é enfático: “Me sinto confortável em falar com vocês porque temos os mesmos valores. Os valores da lei de Deus e dos homens”. Meirelles reforça, novamente, que precisa da oração de todos pois está trabalhando para todos.

No final do vídeo, no qual Meirelles está sentado ao lado de um exemplar da Bíblia, está escrito: “Outubro, mês da oração pela economia”. Segundo o ministro, depois de mergulhar na maior recessão da história, o Brasil voltou a crescer e a gerar empregos.

Desconfiança e preocupação

Dentro do governo, o vídeo de Meirelles provocou desconfiança e preocupação. Assessores do Palácio do Planalto se dizem surpresos com o ímpeto do ministro para sair candidato à Presidência da República. O ministro, oficialmente, nega, mas ele recebeu convite do PSD, seu partido, para concorrer à sucessão de Michel Temer.

Meirelles só quer se posicionar oficialmente como candidato mais para o fim do ano, quando, acredita ele, a economia estará mostrando bons resultados. Ele posará como salvador da pátria. Está certo, inclusive, que ele será a estrela do programa eleitoral do PSD que irá ao ar em dezembro.

O partido vai testar a força de Meirelles. Caso ele não decole, poderá haver uma aliança com o PSDB. Meirelles, no entanto, está convencido de que será candidato e que terá chance de vitória diante do descontentamento geral da população com políticos tradicionais. O ministro conta ainda com a posição mais conservadora do eleitorado evangélico, o qual ele está tentando cativar.

Brasília, 16h02min

Vicente Nunes