À exceção de 17 jornalistas escolhidos pelo partido para prestigiar a solenidade da fundação, no auditório do Hotel Royal Tulip Alvorada, em Brasília, os demais repórteres de texto e imagem foram relegados a um “cercado” no jardim do complexo hoteleiro, na área externa, sem acesso a uma estrutura básica de trabalho para o exercício da profissão. Dessa forma, parte dos profissionais de órgãos de imprensa nacional, um pilar da democracia brasileira, responsável por contribuir com a “efetiva representatividade” da comunicação social, precisou trabalhar sentada no gramado, debaixo de um sol escaldante.
O crescente incômodo dispersou os profissionais, que se sentiram obrigados a procurar um lugar à sombra para trabalhar com a pouca dignidade que a “mãe natureza” podia oferecer. O ponto crítico, no entanto, foi o total desrespeito por parte de apoiadores com profissionais de imprensa, sobretudo da Rede Globo. Demonstrando valores contrários ao “respeito à memória, identidade e cultura do povo brasileiro”, conhecido por ser um povo acolhedor e caloroso, populares chegaram ao ponto de hostilizar a jornalista Delis Ortiz, da TV Globo. “Olha a Delis ali”, disseram alguns, em um tom agressivo que sucedeu a gritos desrespeitosos.
Procurados, seguranças da organização do evento alegaram que não poderiam garantir a segurança de Delis ou de outros jornalistas. A comunicadora, de 56 anos, mulher, mãe e avó, acabou se retirando do evento após as hostilizações prosseguirem. A Secretaria de Imprensa da Presidência (SIP) garantiu aos jornalistas ter solicitado à organização do evento toldo, cadeiras e tomadas para garantir uma estrutura no local de trabalho destinado à imprensa. Contudo, não conseguiu encontrar e contatar os responsáveis da assessoria de imprensa do Aliança pelo Brasil para que eles pudessem prestar esclarecimentos ou amparar os profissionais.
Um grande dia para o Aliança. Um pequeno dia para a liberdade de imprensa.