ROSANA HESSEL
O Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 0,2% no primeiro trimestre de 2019 em comparação com os três meses imediatamente anteriores, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse resultado ficou em linha com a mediana das estimativas do mercado, confirmando o fato de que a economia está estagnada e será muito difícil uma retomada em ritmo mais forte. O fantasma da recessão técnica ainda no primeiro semestre está assombrando a equipe econômica liderada pelo ministro Paulo Guedes.
Ao contrário do esperado, o IBGE não revisou para baixo o desempenho do último trimestre de 2018, o que confirmaria uma recessão técnica, caracterizada pelos economistas quando há dois trimestres consecutivos de queda no PIB. Apesar de esse dado ter permanecido positivo em 0,1%, ele não afasta em definitivo o fantasma da recessão técnica. A economia estagnou em meio às incertezas na área política e à falta de ações do governo para ajudar em uma reação de curto prazo e pode apresentar queda no segundo trimestre porque os números estão muito fracos, principalmente, o consumo das famílias. Maio não tem sido bom e tem anulado os dados positivos de abril e as apostas de recessão técnica ainda neste primeiro semestre estão aumentando.
Para William Jackson, economista-chefe para Mercados Emergentes da consultoria britânica Capital Economics, ao país está “flertando” com a recessão. “A queda de 0,2% no primeiro trimestre ocorreu, em parte, o resultado de fatores temporários, principalmente a forte redução na produção de minério de ferro. Mas os primeiros sinais são de que o crescimento no segundo trimestre também tem sido muito fraco e agora um risco real de que a economia caia em uma recessão técnica na primeira metade do ano”, alertou.
As pressões agora devem cair sobre o Banco Central para que taxa básica de juros (Selic) inicie queda nos juros. Só que, como o efeito de juros menores na economia tem um delay de nove meses, dificilmente haverá impacto no PIB deste ano. Não à toa, as projeções do PIB deste ano devem continuar sendo reduzidas para menos de 1% e não descartam a possibilidade de o PIB vir negativo neste ano. “Se a economia não tiver uma forte recuperação no segundo semestre, a possibilidade de um PIB bem baixo ou até mesmo negativo não pode ser descartada”, avaliou a economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria.