O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, minimiza esses riscos e demonstra confiança de que a reforma da Previdência será aprovada em 2018 para evitar o buraco fiscal quando o novo governo assumir. “Exatamente para assegurar que não teremos essa situação de problema grave, temos regras. Tem a Lei da Responsabilidade Fiscal, a regra de ouro e o teto dos gastos. É uma série de regras exatamente para presumir problemas graves. Isso é positivo”, diz.
No Congresso, entretanto, parlamentares aliados do governo afirmam que será difícil votar a Previdência em fevereiro de 2018, pela proximidade com o período eleitoral. Apesar disso, o Palácio do Planalto quer que a proposta não saia de pauta, mesmo no recesso. O discurso governista é de que, ao voltarem para as bases, os deputados verão que o texto não enfrenta mais tanta resistência da sociedade.
Grande parte dos especialitas descarta a possibilidade de aprovação. Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos, afirma que, se a janela de oportunidade de votação não se fechou, está por uma pequena fresta. “A sensação é de que, depois do Carnaval, o governo terá que negociar tudo novamente. Há uma questão óbvia de resistência das corporações dos servidores às mudanças”, aponta.
“A verdade é que, em 2019, se não tivermos a reforma da Previdência, a realidade vai piorar. É possível que a arrecadação tenda a ter uma dinâmica melhor e ganhe forças ao longo dos anos, com a retomada da economia. Mesmo assim, não compensará o aumento das despesas obrigatórias, em especial, as previdenciárias”, afirma. Para Zeina, o esforço fiscal demandará articuladores políticos e equipe econômica fortes. “A questão das contas públicas não pode ficar de fora do debate nas eleições”, conclui.
Brasília, 11h43min