Os funcionários do Banco do Brasil estão em festa. Pelo que já receberam de retorno do novo presidente da instituição, Fausto Ribeiro, que tomará posse no início de abril, não há qualquer possibilidade de ele levar adiante qualquer processo de privatização do BB. Mais: ao que tudo indica, vai rever todos os programas de desinvestimentos do banco. Isso quer dizer que a venda da BB DTVM deverá ser vetada.
Ribeiro representa uma guinada em relação a Rubem Novaes, primeiro a comandar o Banco do Brasil no governo de Jair Bolsonaro, e a André Brandão, que renunciou ao cargo. Para ele, o BB tem de continuar sob controle do Estado e, em vez de encolher, desfazendo-se de negócios importantes, como a BB DTVM, que controla o grosso dos recursos administrados pela instituição, tem de crescer.
Funcionário de carreira do BB, Ribeiro está recolhido desde foi anunciado como sucessor de André Brandão. Mas, aos poucos colegas de trabalho com os quais conversou nos últimos dias, disse que a determinação de Bolsonaro é de que o banco tenha um papel social. Não é só: tudo indica que ele suspenderá o programa de fechamento de agências, pivô da crise com Bolsonaro que levou à demissão de Brandão.
Esse programa de fechamento de postos de atendimento foi dividido em quatro ondas, como se diz dentro do banco. A primeira, que agrega 90 pontos, incluindo agências, já foi concluída, porque Brandão pediu pressa. Os dois programas de demissão voluntárias, também anunciados no início do ano, foram concluídos com a adesão de 5.500 funcionários.
Mudanças nas vice-presidências
Ribeiro também acertou com Bolsonaro liberdade para mudar a composição da atual vice-presidência do BB. Quer dar uma cara nova ao comando da instituição com pessoas de sua confiança. Essa troca deverá ser facilitada, pois pelo menos dois executivos já demonstraram desejo em deixar os cargos, número que deve crescer, seja porque alguns têm idade para se aposentar, seja porque têm convite do mercado.
Pelo menos uma vice-presidência, a de Governo, será entregue a um político, muito provavelmente, ligado ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Hoje, essa vice é ocupada por João Rabelo Júnior, que é de carreira, mas começou a ganhar antipatia do Palácio do Planalto porque foi secretário-adjunto no Ministério da Fazenda na gestão de Guido Mantega, do PT.
Em meio a todos esses movimentos, Ribeiro está disposto, também com o apoio de Bolsonaro, a mudar o Conselho de Administração do Banco do Brasil. Os mandatos dos atuais integrantes terminam em 28 de abril, quando haverá assembleia para decidir se os atuais conselheiros continuam ou não. O novo presidente do BB não se conforma com a reação contrária de vários conselheiros à sua indicação.
Para Ribeiro, o fato de conselheiros como Hélio Magalhães, que foi do Citibank e hoje presidente o Conselho de Administração do BB, e José Guimarães Monforte terem indicado que renunciariam aos cargos por causa da escolha de Bolsonaro mostra que eles não têm espaço no futuro comando do banco. Se não renunciarem, serão defenestrados.
Há outro fator que pesa contra atuais conselheiros do Banco do Brasil: são extremamente a favor da privatização da instituição e são vistos pelos funcionários como entreguistas, por defenderem a venda de ativos importantes da instituição, como a BB DTVM, que estaria sendo negociada com o banco suíço UBS, que já assumiu o controle do BB Investimentos. Esses negócios fechados com o UBS são alvos de várias representações feitas ao Tribunal de Contas da União (TCU), que ainda não se manifestou sobre os casos.
No nome de Ribeiro ainda precisa passar pelo Comitê de Elegibilidade do Banco do Brasil, cuja missão é de analisar se o indicado por Bolsonaro atende aos requisitos legais previstos na Lei das Estatais. Vencida essa etapa, caberá ao presidente da República publicar um decreto com a nomeação.
Brasília, 18h01min