Novo conselheiro do BNDES diz que banco deve incentivar demissão voluntária

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ROSANA HESSEL

Eleito conselheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na sexta-feira, 7 de junho, o economista Carlos Thadeu de Freitas Gomes diz que o banco precisa, urgentemente, fazer um programa de demissão voluntária (PDV) para ficar menor.

Foto: Leonardo Cavalcanti/CB/D.A Press

Na avaliação de Freitas Gomes, que foi diretor financeiro do BNDES no governo de Michel Temer, o banco está inchado demais. “Não há necessidade de o BNDES ter quase 2,6 mil funcionários. Estamos falando de profissionais qualificados, mas nem todos se encaixam mais no tamanho que a instituição deve ter”, afirma.

Segundo ele, o BNDES já chegou a emprestar mais de R$ 200 bilhões em 2014, no governo de Dilma Rousseff. Neste ano, as operações devem ficar em torno de R$ 70 bilhões. “Ou seja, temos que adequar o quadro de pessoal do banco ao tamanho que ele tem hoje e que terá nos próximos anos”, frisa.

BNDESPar zerada

Freitas Gomes reconhece, porém, que, mesmo menor, o BNDES terá papel fundamental para a retomada do crescimento econômico, por meio do financiamento de projetos de infraestrutura e, sobretudo, de pequenas e médias empresas, que não têm acesso ao mercado tradicional de crédito.

A tendência, acredita o conselheiro eleito para o BNDES, é de os bancos públicos reduzirem seu espaço, permitindo que as instituições privadas se tornem as alavancas do crescimento. “Infelizmente, neste momento, a demanda por crédito está fraca. Os financiamentos só vão deslanchar quando a reforma da Previdência for aprovada e a confiança voltar”, afirma.

Ele ressalta ainda que, para financiar a clientela, o BNDES terá que buscar outras fontes de financiamento, como debêntures. Outro ponto importante: o banco deverá zerar todas as posições que detém no mercado acionário por meio de sua subsidiária, a BNDESPar.

Repasses ao Tesouro

O mercado de capitais, por sinal, tenderá a ser incentivado como instrumento de financiamento do setor privado. Dessa forma, as grandes empresas, sobretudo, não precisarão ficar dependuradas nos bancos públicos, como se tornou característica no país.

Sobre a devolução dos recursos que o BNDES deve ao Tesouro Nacional, Freitas Gomes diz que tudo indica que o banco repassará neste ano ao Tesouro cerca de R$ 130 bilhões. “Caixa, para isso, o BNDES tem”, diz. No total, a instituição ainda deve R$ 260 bilhões ao Tesouro.

Pelos cálculos de Freitas Gomes, não fossem as devoluções do BNDES ao Tesouro, a dívida público do país, que está em torno de 78% do Produto Interno Bruto (PIB), seria muito maior. O nível de endividamento do Brasil é o dobro da média dos países emergentes, de 40%.

Brasília, 17h01min

Vicente Nunes