NOS EUA, LEVY BUSCA CONFORTO DA FAMÍLIA

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» ROSANA HESSEL

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, aproveitou a viagem aos Estados Unidos com a presidente Dilma Rousseff para descansar com a família e se recuperar do susto da embolia pulmonar que o acometeu na semana passada. Com a mulher e as duas filhas, que vivem em Washington, ele se desligou da intensa maratona a que tem sido submetido Brasil em favor de um vigoroso ajuste fiscal, combatido por boa parte do PT, o principal partido da base aliada do governo.

A perspectiva é de que Levy desembarque neste fim de semana no Brasil. Segundo interlocutores do governo, a preocupação de Dilma com a saúde do fiador da política econômica é grande. Há, entre assessores do Palácio do Planalto, dúvidas sobre a participação do ministro da comitiva presidencial que irá, na próxima semana, para a cidade de Ufa, na Rússia, onde será realizada a reunião de cúpula dos Brics, bloco de países emergentes integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O encontro vai de 7 a 10 de julho.

Na sexta-feira da semana passada, Levy deu um susto no governo, ao ser internado com suspeita de embolia pulmonar. Ele contrariou as recomendações médicas e pegou um avião comercial no sábado para os Estados Unidos, onde se juntou à comitiva de Dilma, numa pesada agenda em Nova York e em Washington, que incluía encontro com o presidente norte-americano, Barack Obama.

O médico pessoal do ministro, o pneumologista Arthur Vianna, contou que desaconselhou a viagem aos EUA. “Não era recomendável que ele fizesse uma viagem tão longa”, disse, confessando que ficou preocupado com o fato de não ter sido ouvido. “O ministro estava com uma mochila de 30 quilos nas costas. Eu avisei para ele não viajar. O médico é um consultor. A gente fala para não fazer, mas nem sempre o paciente obedece”, completou.

Riscos

Vianna e amigos de Levy ficaram mais tranquilos quando ele não seguiu com Dilma para San Francisco, na Califórnia, na quarta-feira, e permaneceu em Washington descansando com a família. Segundo pessoas próximas, o ministro estava bem disposto ontem. “É bom ficar com a família. Isso ajuda na recuperação”, disse o médico, que conversou com o paciente por telefone na quinta-feira e ressaltou que não foi necessário que ele fizesse mais exames nos EUA.

“A volta de Levy para o Brasil deve ser mais calma. Ele está sob efeito de anticoagulante. O importante é que ele se movimente de hora em hora e tome bastante líquido durante o voo”, explicou Vianna. No entanto, o especialista reconhece que “sempre há riscos” no caso de embolia. Até o fechamento desta edição, a assessoria do ministro não havia confirmado a data da volta dele ao Brasil.

Levy é peça central dentro do governo Dilma, cuja popularidade despencou para apenas 9%. Na avaliação de especialistas, o chefe da equipe econômica é um dos poucos ministros com credibilidade entre os investidores, por mostrar disposição para corrigir os erros cometidos por Dilma no primeiro mandato. “A saída de Levy do governo, por qualquer motivo, desencadearia o rebaixamento do país pelas agências de risco apenas 30 minutos após o anúncio”, afirmou um economista ligado ao setor financeiro.

O titular da Fazenda tem um ritmo frenético de trabalho, que poucos conseguem acompanhar. Levy já está com o seu terceiro chefe de gabinete e com o terceiro assessor chefiando o atendimento à imprensa. Quem tem audiência com ele fica horas a fio esperando. Uma pessoa que havia marcado conversa para as 15h foi atendida depois das 23h. E ouviu do ministro: “Esta é minha última reunião do dia. Agora, vou começar a trabalhar.” Levy costuma chegar por volta das 8h30 em seu gabinete e sair de madrugada.

Brasília, 18h08min

Vicente Nunes