No peito de Bolsonaro bate um coração populista e nada liberal, dizem banqueiros

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Se, entre os empresários do setor produtivo, o apoio ao presidente da República é crescente — pesquisa Datafolha mostra que a aprovação de Jair Bolsonaro nesse público pulou de 48% para 58% entre junho e agosto —, entre os banqueiros impera o ceticismo em relação ao chefe do Executivo federal. Para essa ala, no peito de Bolsonaro bate um coração populista e nada liberal. E esse não é o perfil ideal para conduzir um país com a grandeza dos problemas que se vê no Brasil.

Os banqueiros reconhecem, porém, que votaram em peso, no segundo turno, para a eleição do atual presidente. Não queriam a volta da esquerda ao poder, justamente por causa de medidas populistas que encantam Bolsonaro, como gastança desenfreada, assistencialismo para garantir currais eleitorais e Estado inchado, com estatais que deveriam ser privatizadas, mas servem para abrigar aliados políticos — no caso do atual governo, também de militares da reserva, que encontraram um filão para engordar as contas bancárias.

Nas análises mais recentes que fazem do governo, os banqueiros acreditam que o compromisso com o ajuste fiscal será testado a todo momento — isso ficará mais evidente a partir do segundo semestre de 2021, quando Bolsonaro estará mergulhado de vez na campanha à reeleição — e que quase nada será feito para conter desmatamentos e invasões na Amazônia. Para esse grupo, mesmo com uma possível saída de Paulo Guedes do Ministério da Economia e da alta dos juros que será promovida pelo Banco Central, são relevantes as chances Bolsonaro reeleger-se em 2022.

O ideal, na visão dos banqueiros, é que fosse construída uma candidatura de peso de centro, com força para ir ao segundo turno das disputas pela Presidência. Mas, hoje, não há tal perspectiva, o que favorece muito o presidente, pois ainda impera, entre os eleitores mais conservadores, o temor de que o PT ou qualquer candidato de esquerda assuma o Palácio do Planalto. Mesmo esse grupo de eleitores tendo ressalvas a Bolsonaro, prefere ele a qualquer um que lembre Luiz Lula Inácio Lula da Silva ou Dilma Rousseff.

Brasília, 12h16min

Vicente Nunes