POR MARLLA SABINO
Carregar a tocha olímpica é um privilégio. Apenas 12 mil pessoas terão a oportunidade de viver esse momento histórico durante o revezamento que visitará, ao todo, 250 cidades do Brasil. Mas, alguns desses sortudos estão tentando encher o bolso com a venda do objeto. Em sites como Mercado Livre e OLX, os valores cobrados podem ser altíssimos, chegando a R$ 200 mil.
A filha da ex-secretária Graça Maria Manguinho, 54 anos, foi escolhida para carregar a tocha pelas ruas do Recife em concurso realizado por um dos patrocinadores da Olimpíada do Rio de Janeiro. Ela pôde levá-la para casa sem pagar nada, colocou-a à venda por R$ 50 mil. A mãe justificou a atitude como meio de possibilitar que a filha, de 19 anos, possa fazer o curso superior de agronomia para o qual foi aprovada. A jovem não pode deixar o emprego, que é a renda da família, para frequentar as aulas.
“Queria o dinheiro para nos sustentar e permitir que ela realizasse o sonho de ter um diploma”, explicou Graça. Ela afirmou, porém, que se arrependeu ao ler os comentários negativos de internautas. “As pessoas não entenderam a situação que vivemos”, disse.
Nas páginas de anúncios, há ofertas mais em conta. O estudante Jefferson Fonseca, 31 anos, que participou do revezamento no município de Granja (CE), está vendendo a tocha por R$ 15 mil. Desempregado há quase um ano, ele pretende usar o dinheiro para pagar as mensalidades atrasadas da faculdade de educação física. “A maioria das pessoas está procurando resolver algum problema financeiro”, avaliou.
Os condutores selecionados pelos patrocinadores oficiais ganharam a tocha de presente. Mas os que foram convidados por prefeituras e pelo Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos tiveram que comprá-la por R$ 1.985,90. É o caso do estudante Felipe de Santa Ritta e Rondina, 18 anos, que fez parte do percurso pelo Lago Paranoá, em Brasília. “É caro, mas é algo único, que poucas pessoas têm. Pretendo deixar a tocha exposta na minha casa para mostrar aos meus descendentes”, contou. O Comitê Organizador informou que não proíbe a venda nem interfere na decisão das pessoas.
Brasília, 18h30min