No apagar das luzes do governo, Mourão exalta laços com Portugal

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Nos quatro anos de governo, o presidente Jair Bolsonaro se recusou a visitar Portugal, quebrando uma tradição seguida até pelos chefe de governos militares. No apagar das luzes da atual administração, porém, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, desembarcou em território luso para uma série de compromissos.

O primeiro deles, um encontro com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza. O vice brasileiro foi recebido nesta segunda-feira (21/11) pelo líder português no Palácio de Belém. A conversa foi fechada à imprensa, mas, após deixar a sede do governo luso, Mourão divulgou, em suas redes sociais, que manifestou a Rebelo de Souza seu “reconhecimento pelo engajamento de Portugal nas celebrações do bicentenário da independência”.

Três dias atrás, no mesmo Palácio de Belém, o presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, foi recebido por Rebelo de Souza com honras. Os dois conversaram por uma hora e meia e fizeram questão de trocar afagos em público. O líder português vinha dizendo que estava com saudades de Lula e do Brasil, mesmo discurso entoado pelo primeiro-ministro, António Costa, com quem Mourão se encontrará na terça-feira (22/11).

As autoridades portuguesas não perdoam o descaso de Bolsonaro com Portugal, desdenhando dos fortes laços entre o país e o Brasil. Por duas vezes, o presidente brasileiro maltratou Rebelo de Souza. A primeira, quando cancelou um almoço com o português porque ele também conversaria com Lula. Depois, nas celebrações do Sete de Setembro, ao colocar um empresário apoiador do governo entre ele e Rebelo de Souza.

A proximidade dos dois líderes portugueses com Lula é tão explícita, que Costa recebeu o petista no Palacete de São Bento na sexta-feira (18/11) e, ao posar para os fotógrafos com a mulher, Fernanda Tadeu, o líder brasileiro, e a futura primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, fez o ele com as mãos. A foto ganhou as manchetes de vários jornais do Brasil e de Portugal. Mourão encontrará Costa ciente da predileção dele pelo presidente eleito.

Nas redes sociais, o vice-presidente brasileiro destacou que “as relações entre Brasil e Portugal são baseadas em intenso diálogo político e em importantes laços culturais, econômicos e comerciais”. No governo português, a visão é de que muitas portas foram fechadas por Bolsonaro. O gesto de Mourão é tardio, mas nem por isso ele deixará de ser recebido com respeito e educação. Foi assim com Rebelo de Souza e será com Costa.

Vicente Nunes