MUDANÇAS NO COMANDO DE ESTATAIS COMEÇAM PELA CAIXA E PELO BNDES

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POR PAULO PAULO SILVA PINTO E ROSANA HESSEL

 

A Caixa Econômica Federal e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) serão as primeiras grandes estatais a terem troca de comando no governo do peemedebista Michel Temer ainda nesta semana. O número de ministérios deverá diminuir dos atuais 32 para 23, o que será anunciado assim que o Senado aprovar o impeachment da Dilma Rousseff. Amanhã ou na sexta feira, a petista deverá ser notificada.

 

A presidente da Caixa, Míriam Belchior, e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, deixarão os seus cargos logo, provavelmente ainda nesta semana. A equipe de transição no entorno de Temer não quer nem ouvir falar desses dois nomes. Míriam é muito próxima de Dilma, com quem trabalhou na Casa Civil do governo do ex-presidente Lula. Dilma a escolheu ministra do Planejamento depois de empossada na Presidência. No início do segundo mandato, nomeou-a presidente da Caixa. O banco foi usado pelo governo para as pedaladas fiscais, base do processo de impeachment.

 

A escolha do comando da Caixa será política: a instituição financeira ficará na cota do PP. O nome do partido mais cotado é o de  Gilberto Occhi, funcionário de carreira do banco e ex-ministro das Cidades e da Integração Nacional. O fundo de pensão dos funcionários do banco, o Funcef, poderá ficar com o ex-ministro do Turismo Gastão Vieira.

 

O substituto de Coutinho ainda não foi definido. Ele chegou ao BNDES pelas mãos de Lula e lá ficou com Dilma, de quem foi, no início, um dos principais conselheiros. Coutinho também se destacou como um dos grandes defensores da fracassada política de empresas vencedoras para estimular os investimentos. O resultado foi o oposto: os desembolsos para aumentar ou modernizar a produção despencaram, e o dinheiro direcionado ao BNDES ajudou a levar os gastos públicos às alturas, razão central para a queda de Dilma.

 

No Banco do Brasil, o atual presidente, Alexandre Abreu, funcionário de carreira, deverá ser substituído por outro quadro interno. Não há pressa para isso, diferentemente do que ocorre com Míriam e Coutinho. É o caso também da Petrobras, comandada por Aldemir Bendine. O que se espera da principal estatal brasileira é que seja removido o ranço ideológico da direção. A avaliação da equipe próxima a Temer é que Bendine deu início a esse processo, mas não o concluiu.

 

Transição

 

Tanto na Petrobras quanto no Banco do Brasil haverá uma fase de transição. É o caso também do Banco Central, que não terá alterações em sua diretoria até próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para 6 de junho. Mas já está definido o nome do futuro presidente da instituição: será Ilan Goldfajn, que deu o ok ao futuro ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

 

O Tesouro Nacional deverá ser comandado por um ex-diretor do BC. O nome mais forte é o de Carlos Hamilton, que vinha trabalhando com Meirelles no grupo JBS. Outra possibilidade é Luiz Fernando Figueiredo, também ex-diretor da autoridade monetária, hoje na gestora de recursos Mauá Capital.

 

Uma estatal para a qual não há pressa na troca no comando é a Eletrobras, na qual o PMDB já tem grande poder, assim como em suas subsidiárias. Com as finanças combalidas pela redução de conta de luz ao consumidor em 2012, as estatais de energia precisariam de capitalização de R$ 5 bilhões. Só receberam R$ 1 bilhão até agora. Esse é mais um nó a ser resolvido pelo governo Temer, em meio ao ajuste fiscal que obrigará a redução de cargos e gastos públicos.

 

Além das diretorias de estatais, o provável governo de Temer mira também os diversos conselhos nas 140 empresas controladas pela União. Têm assento nesses fóruns vários ocupantes de cargos políticos na administração petista. Há 1.100 cargos em conselhos, com remuneração mensal que varia entre R$ 3 mil e R$ 30 mil. Caso forem consideradas as empresas privadas com participação da União, o número de cargos dobra.

 

Algumas posições são diretamente vinculadas a cargos de confiança, portanto, estarão vagas automaticamente com as exonerações promovidas por Dilma antes de deixar o Planalto ou pelos ministros a serem nomeados por Temer. Há posições que dependem de mandato e outras em que a nomeação depende do governo. É algo que será mapeado detalhadamente na próxima semana.

 

Brasília, 13h04min