POR ANTONIO TEMÓTEO
O Ministério Público Federal (MPF) solicitou a Justiça Federal em Brasília a volta das medidas judiciais impostas inicialmente contra o presidente da holding J&F, Joesley Batista, e contra o presidente da Eldorado, José Carlos Grubisich. Os dois são investigados na Operação Greenfield e são suspeitos de tentar burlar as apurações que apontam prejuízos acumulados registrados Funcef, o fundo de pensão dos empregados da Caixa Econômica Federal, e pela Petros, fundo de pensão dos empregados da Petrobras, na Eldorado.
O procurador Anselmo Henrique Cordeiro Lopes solicitou a proibição dos investigados de manter qualquer comunicação entre si e com qualquer investigado nas operações Greenfield, Sépsis e Cui Bono. Determinou o bloqueio das ações pertencentes a Joesley na J&F, o bloqueio de recursos dos dois no valor de R$ 3,8 bilhões e a suspensão do exercício de qualquer cargo e função de direção em empresas da holding. Além disso, Lopes pediu a Justiça que os executivos não se ausentem das cidades em que residem sem autorização judicial, a apreensão dos passaportes e o afastamento de toda a diretoria da Eldorado.
Conforme o membro do MPF, elementos apresentados pelo diretor da Funcef, Max Pantoja, conselheiro do fundo de pensão na Eldorado, demonstram práticas ilícitas na companhia. Para Lopes, os executivos violaram o acordo firmado quando contrataram o escritório Veirano Advogados e da Ernst & Young para auditar a Elodorado. Conforme ele, a medida não teve por finalidade realizar uma apuração independente quanto aos ilícitos envolvendo a empresa no FIP Florestal.
O procurador detalhou que ficou claro que a contratação de uma auditoria supostamente independente foi formalizada para que fosse construída a defesa dos investigados Joesley e Grubisich em relação aos fatos que estão sendo investigados pelo MPF e Polícia Federal. “A credibilidade da auditoria desenvolvida ficou ainda mais comprometida quando analisamos a formação da equipe supervisora, composta por Grubsich, que é investigado na Operação Greenfield, e pelos funcionários do jurídico da própria Eldorado, Daniel Pitta e Fabiana Blasiis, todos sob a interferência direta do presidente da empresa auditada, Joesley Batista”, destacou o procurador.
Além disso, o procurador avaliou que a alteração de um contrato entre a Eldorado e a Eucalipto Brasil S.A, em 23 de fevereiro de 2016, em que foi retirada a cláusula de rescisão unilateral imotivada que favorecia a empresa da J&F, em deliberação não-unânime do Conselho de Administração , em 15 de dezembro de 2016, também colocam em dúvida a postura colaborativa de Joesley e Grubisich.
A Eucalipto Brasile de Mário Celso Lopes, também investigados na Operação Greenfield. Mário e Joesley consituiram em 2005 o FIP Florestal, que recebeu investimentos iniciais da Funcef e da Petros. Laudo provisório de avaliação econômica-financeira produzido pela Baker Tilly Brasil,a pedido da Funcef o valor total da empresa Eldorado em R$ 4,6 bilhões. Considerando que os fundos de pensão detêm, cada uma, 8,53% da empresa, isso significa que a participação de cada entidade é de tem o valor de R$ 399,4 milhões pouco mais de um quarto do valor que a Deloitte Brasil avaliou no final de 2015 para começo de 2016.