Mourão não tem qualquer ascendência sobre o presidente Jair Bolsonaro, que, inclusive, praticamente o descartou para compor a chapa da reeleição em 2022. Mas o vice é bastante ouvido e respeitado entre os generais que estão no Planalto. Depois de ouvi-lo, mesmo os mais críticos a Guedes, baixaram a guarda.
No processo de reduzir a pressão sobre o ministro da Economia, Mourão reconheceu que é natural que todos, inclusive os militares, estejam preocupados em reativar a economia mais rapidamente, sobretudo por meio de obras públicas. Os militares encabeçam o Pró-Brasil, programa que prioriza investimentos em infraestrutura.
O vice-presidente, no entanto, ressaltou que o momento não é de esvaziar Guedes. Mesmo enfraquecido, ele ainda é um pilar importante para o governo, já que sua presença no Ministério da Economia é visto pelos investidores como um pilar para o ajuste fiscal.
Vice diz que momento é de união
Mourão detalhou que o momento exige união, e os militares não podem ser fonte de tensão. Já bastam os problemas criados pelo presidente e, principalmente, pelos filhos dele, que estão sendo investigados pela Justiça e enfraquecem o discurso do governo de combate à corrupção.
O vice também tem conversado muito com o ministro da Economia, pelo qual tem grande apreço, apesar de reconhecer que, em alguns momentos, Guedes é intransigente e avança o sinal, como fez na coletiva em que expôs as entranhas da briga de ministros por mais gastos e na qual ligou o presidente a um possível impeachment.
A pergunta que se faz no Planalto é: até onde vai a boa vontade dos militares com Guedes? Mais: os fardados não são os únicos a aconselharem Bolsonaro a abrir os cofres para mais obras. Essa tarefa é executada, diariamente, pelos ministros Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e Tarcísio Freitas (Infraestrutura). E eles caíram nas graças do presidente.
Brasília, 15h15min