Em 29 de setembro de 2016, um acidente com um avião da Gol matou 154 pessoas. Se todos aqueles que já perderam a vida no país pela Covid-19 fossem colocadas em aviões, seriam necessárias 11 aeronaves.
Se o parâmetro para dar a dimensão do estrago que vem sendo feito pelo novo coronavírus fosse o acidente com um avião da Latam, em 27 de julho de 2017, quando 199 pessoas morreram, o total de mortes pela Covid-19 corresponde à queda de mais de oito aeronaves.
Esse tipo de comparação, afirmam especialistas, é importante para dar a dimensão da violência no novo coronavírus. Todo o país para quando ocorre um acidente de avião. A comoção é geral. Mas esse mesmo tipo de sentimento não é observado quando são divulgados os boletins diários da Covid-19.
No entender de especialistas, como o epidemiologista Jonas Brant, professor do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília (UnB), as pessoas que não acreditam no novo coronavírus só vão se conscientizar do risco que estão correndo quando perderem alguém muito próximo, da família.
Para Brant, se o Brasil flexibilizar rapidamente a política de isolamento social, que vem conseguindo conter a disseminação do novo coronavírus até que a rede hospital esteja preparada para lidar com a pandemia, o risco de se repetir por aqui o colapso que se viu na Itália é muito grande.
Pior: poderemos ver no país o quadro dramático do Equador, onde corpos estão sendo jogados nas ruas porque o sistema público de saúde não está dando conta de recolher os cadáveres de pessoas que morreram em casa. No Rio, por exemplo, já há casos em que corpos estão demorando pelo menos dois dias para serem recolhidos em casa.
Brasília, 16h19min