Moro teve que recuar na nomeação da especialista em segurança pública Ilona Szábo como suplente do Conselho de Política Criminal. Ela é contrária ao afrouxamento das regras de acesso a armas, proposta de campanha que Bolsonaro que está sendo colocada em prática. Bolsonaro preferiu seguir o que seus seguidores nas redes sociais pediam, em vez de apoiar seu ministro.
Guedes, por sua vez, foi desmoralizado pelo chefe, que, antes mesmo de a proposta de reforma da Previdência começar a tramitar no Congresso, admitiu que pode ceder em vários pontos, a começar pela redução da idade mínima de aposentadoria de mulheres, de 62 para 60 anos, e pelo BPC, programa de atende idosos pobres.
Clima ruim
Depois do desgaste imposto aos dois ministros, o clima dentro do governo é de apreensão. Teme-se que o processo de desqualificação se torne rotina, o que será péssimo para o governo. Moro e Guedes são referências quando se pensa em equilíbrio dentro de uma administração que vem sendo marcada por muitas polêmicas e recuos.
A ordem na Esplanada, porém, é manter o discurso de que os ministros da Economia e da Justiça nunca estiveram tão fortes, e que desavenças são normais. Quem conhece Brasília sabe que, quando as coisas começam assim, o destino é um só: o abandono do governo.
Bolsonaro, dizem técnicos experientes, deve ficar atento. Se continuar metendo os pés pelas mãos, pode empurrar seu governo ladeira abaixo. Moro é o sustentáculo de um governo que vem sendo ligado a um laranjal de candidaturas irregulares nas eleições. Guedes é visto pelos donos do dinheiro como a garantia de que a reforma da Previdência, fundamental para o equilíbrio das contas públicas, será feita sem abrir mão da economia prometida de R$ 1,1 trilhão em 10 anos.
Brasília, 10h07min