Moçambique quer ajuda do Brasil para modernizar sistema financeiro

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O sistema financeiro do Brasil é considerado um dos mais avançados do mundo. Com uma regulação extremamente rígida, vem passando ao largo de várias crises que têm assombrado o mundo, a mais recente, verificada nos Estados Unidos, com a quebra de vários bancos.

Não à toa, o governo de Moçambique quer a ajuda do Brasil para promover uma série de mudanças no sistema financeiro local e africano como um tudo. A meta é interligar, eletronicamente, os mercados dos 54 países da África, para facilitar os fluxos de investimentos e comércio na região.

Hoje, 57% dos 1,4 bilhão de africanos não têm conta bancária, agravando as desigualdades econômicas e sociais no continente e empurrando parcela importante da atividade produtiva para a informalidade.

Acesso ao crédito

O foco principal dos africanos é a modernização dos sistemas bancários a partir da transformação digital, incluindo o uso de inteligência artificial nos serviços financeiros, a cibersegurança e a participação das fintechs no mercado, além de novos modelos de negócios no setor de seguros, regulação, compliance e bancarização. Tudo o que o Brasil já pratica.

De olho na realidade brasileira, Moçambique convidou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloízio Mercadante, e a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, para participar de debates durante a Conferência Banking Financial Service And Insurance (BFSI), nos dias 13 e 14 de setembro, em Maputo.

Do setor privado, já está confirmada a participação do diretor executivo da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), José Prado. Ele vai abordar as perspectivas de inovação, transformação digital e novas abordagens de negócios. Além de modernizar o sistema financeiro e bancário africano, a proposta é promover a inclusão da população, inclusive por meio do acesso ao crédito. E as fintechs são instrumentos importantes nesse processo.

Apoio do Brics

Presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, especialistas, executivos e autoridades governamentais nacionais e internacionais vão apresentar suas visões sobre o novo modelo a ser adotado pelo sistema financeiro africano. Os organizadores do evento veem esse encontro como uma oportunidade para que empresários brasileiros do setor de tecnologia e fintechs invistam na apresentação de soluções para os países da África.

Durante a 15ª reunião de cúpula do Brics, grupo que, originalmente, reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, realizada nesta semana, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, disse que as atuais realidades tecnológicas, sociais e econômicas do continente africano demandam mais cooperação e apoio do bloco

Entre os planos do Brics estão estratégias que facilitem o fluxo de investimentos e comércio. Presente na reunião de cúpula, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou a necessidade de um sistema financeiro internacional que, em vez de alimentar as desigualdades, ajude os países de baixa e média renda a promoverem mudanças estruturais.

Vicente Nunes