Ministério da Economia mantém previsão do PIB, mas piora a de inflação

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ROSANA HESSEL

Apesar da escalada nos casos de mortes da covid-19 no país, chegando ao recorde de 2,8 mil vidas perdidas em 24 horas, o Ministério da Economia manteve as projeções para a atividade econômica neste ano, mas piorou as estimativas para a inflação, que continua em alta devido, principalmente, ao dólar mais valorizado.

A Secretaria de Política Econômica (SPE) manteve em 3,2% a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2021, conforme dados do Boletim MacroFiscal, divulgado nesta quarta-feira (17/03). A estimativa está em linha com a mediana das projeções do mercado computada no boletim Focus, do Banco Central, de 3,23%.

Nos últimos dias, as projeções do mercado para o PIB foram estão sendo revisadas para baixo por duas semanas consecutivas e a tendência é de continuidade na piora das expectativas, pois muitas casas já preveem recessão técnica — quando há queda em dois trimestres consecutivos — no primeiro semestre de 2021.

“As incertezas são elevadas com os desafios de enfrentamento à pandemia, mas deve-se considerar os indicadores no primeiro bimestre que apontam continuidade da recuperação da atividade econômica”, informou a nota da SPE. Para 2022, a expectativa de expansão do PIB foi mantida em 2,5%.

Inflação maior

A secretaria elevou a expectativa para a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), e passou a prever 4,42% de alta — dado abaixo da nova mediana das projeções do mercado, de 4,6%. Em novembro, a estimativa da SPE para a alta do IPCA de 2021 estava em 3,23%, e, para 2022, o órgão prevê avanço de 3,5% no indicador.

Nesta quarta-feira, o Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central deve iniciar um novo ciclo da Selic, taxa básica da economia e as apostas do mercado preveem uma alta de 0,25 ponto percentual a 0,75 ponto percentual.

A maior expectativa dos analistas está em relação ao recado que a autoridade monetária deverá passar ao mercado já que as projeções para o IPCA acima do centro da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3,75% ao ano, com teto de 5,25%. Em fevereiro, o indicador acumulou alta de 5,2% no acumulado em 12 meses, puxado pela alta dos preços dos alimentos e da gasolina, que são fortemente influenciados pelo dólar.

A projeção da equipe econômica para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a variação do custo de vida para as classes mais pobres, passou de 3,2% para 4,27%, em 2021. Para o próximo ano, a estimativa está em 3,5%.

De acordo com a nota da SPE, “o caminho para o maior crescimento econômico passa pela continuidade da agenda de reformas estruturais e políticas de consolidação fiscal”. “A agenda legislativa avançou nos últimos dois anos e ainda progredirá mais. Dessa forma, a vacinação em massa vai garantir o retorno mais rápido do mercado de trabalho via redução das medidas restritivas de combate à pandemia; a consolidação fiscal vai manter um ambiente econômico propício ao investimento privado, à estabilidade da inflação e ao risco-país”, informou.

Vicente Nunes