“Os assessores leais — escravos modernos — que sussurram os conselhos de humildade e bom senso aos eleitos chegam a ficar roucos. Alguns deixam de ser respeitados. Outros, abandonados ao longo do caminho, feridos pelas intrigas palacianas. O restante, por sobrevivência, assume uma confortável mudez. São esses, seguidores subservientes que não praticam, por interesses pessoais, a discordância leal”, escreve.
Rêgo Barros, que esteve ao lado de Bolsonaro desde o início do governo, faz uma analogia entre o governo Bolsonaro e o reinado de Julio Cezar, visto como o todo poderoso depois de várias vitórias em guerras campais. Por um costume romano, no entanto, o imperador era lembrado a todo momento por escravos que era mortal, alerta que não se vê mais por aqui.
“A ovação de autoridades, de gente crédula e de muitos aduladores, poderá toldar-lhe o senso de realidade. Infelizmente, nos deparamos hoje com posturas que ofendem àqueles costumes romanos. Os líderes atuais, após alcançarem suas vitórias nos coliseus eleitorais, são tragados pelos comentários babosos dos que o cercam ou pelas demonstrações alucinadas de seguidores de ocasião”, diz o general.
Diante das palavras de Rêgo Barros, fica mais claro entender a aproximação de Bolsonaro com o Centrão, grupo de partidos extremamente fisiológicos que adoram sugar as tetas do governo. Em troca de poder, essas legendas aceitam todo tipo de loucura dos governantes de plantão. São bajuladores profissionais, mas que também não se furtam de, por conveniência, virarem as costas para o governo quando os então poderosos começam a ser vistos como ídolos de barros.
“Infelizmente, o poder inebria, corrompe e destrói! E se não há mais escravos discordantes leais a cochichar: ‘Lembra-te que és mortal’, a estabilidade política do império está sob risco”, frisa o general.
Brasília,10h59min