RODOLFO COSTA
O subprocurador-geral Augusto Aras pode acabar sobrevivendo à fritura e ser indicado à Procuradoria-Geral da República (PGR). Mesmo sendo bombardeado internamente por procuradores e subprocuradores defensores da lista tríplice, e externamente, por apoiadores fiéis do presidente Jair Bolsonaro, ele ainda pode sagrar-se “vencedor” da disputa.
Apoiadores de Bolsonaro questionam Aras por declarações passadas, de teses alinhadas com a esquerda. Para eles, o passado recente do subprocurador, de ideias antagônicas aos valores políticos que prega Bolsonaro, não o credenciam ao posto máximo da PGR. Mas não é o que o presidente da República sinaliza.
A amigos, assessores e aliados próximos, Bolsonaro tem defendido “olhar pra frente, e não para trás”. É o que afirma ao Blog a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), vice-líder do governo no Congresso e procuradora de carreira do Distrito Federal. “A preocupação do presidente é com o comprometimento atual. Ele diz: ‘olho pra frente, não para trás'”, explicou.
Opção
Mas Bolsonaro ainda está avaliando. Kicis admite que Aras está em conversas mais adiantadas com o presidente, mas ela explica que o martelo não está batido. Inclusive, em reunião com ele nesta quinta-feira (8/8), sugeriu o subprocurador-geral Paulo Gonet, nome que chegou a ser defendido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli.
O perfil de Gonet agradou Bolsonaro. “Ele comunga dos valores defendidos pelo presidente. É discreto, conservador, cristão, e não aprova o ativismo do Ministério Público. Tem boa aceitação”, sustentou Kicis. Apesar de o chefe do Executivo federal ter gostado da sugestão, a parlamentar reconhece que ele desponta atrás na disputa. “Gostou muito dele, assim como, também, gostou de outros nomes sugeridos”, explicou.
Apoio
Se depender do apoio dos eleitores, Gonet tem boas chances. No mesmo movimento de apoiadores nas redes sociais contrários a Aras, muitos sugeriram o nome do procurador regional Ailton Benedito. “Ailton não se colocou como candidato, mas apoia o Paulo”, declarou a deputada ao Blog.
No Twitter, Benedito publicou uma reportagem sobre o encontro entre Kicis e Bolsonaro nesta manhã, com a presença de Gonet. Na rede social, o procurador comentou sobre a disputa pela PGR. “Não há ninguém perfeito para assumir o cargo de Procurador-Geral da República. Perfeição humana não existe. Certeza há de que se trata do cargo mais importante a ser provido pelo presidente da República nos próximos anos. PGR tem poder para destruir politicamente um governo”, ponderou. O procurador foi indicado por Bolsonaro a integrar a Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, mas foi vetado pelo Conselho Superior do Ministério Público Federal.
Chances
As chances de Gonet, no entanto, podem ser maiores em relação a outras sugestões. Afinal, ele é um subprocurador. Bolsonaro também avalia os procuradores regionais Lauro Cardoso, capitão da reserva que fez curso de forças especiais, e Vladimir Aras, primo do subprocurador Augusto Aras.
Não há impeditivos legais que tirem a prerrogativa de Bolsonaro indicar à PGR um procurador. Entretanto, não é algo que ele deve fazer, admite Kicis. “Existe a possibilidade, mas é algo que pode gerar desconforto com o STF e para a própria categoria”, alertou.