Uma das mais tradicionais redes de escolas do Distrito Federal, o Alub, enfrenta séria crise e pode fechar as portas. Diante da iminência de paralisação dos professores, que estão sem salários há mais de dois meses, a escola avisou os pais de alunos que não haverá aulas nesta quarta-feira, 16 de outubro.
Em mensagem enviada aos pais dos estudantes, o Alub afirma que a suspensão das aulas tem por objetivo “garantir a segurança” dos estudantes diante da paralisação dos professores. Mas, segundo funcionários da instituição, a situação é “dramática”, não há recursos suficientes para manter a escola funcionando.
A crise do Alub começou em abril de 2018, quando o dono do grupo, o empresário carioca Arthur Mário Pinheiro Machado (foto), foi preso em uma das fases da Lava-Jato. Ele foi acusado, dentro da Operação Rizoma, pelos crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e corrupção por meio de fraudes nos fundos de pensão dos Correios, o Postalis, e do Serpros, do Serpro.
O grupo Alub foi adquirido pela Educar Holding em outubro de 2017, de propriedade de Arthur Machado. A promessa, à época, era de expandir os negócios. Mas, com a Lava-Jato, a euforia se transformou em crise. Desde a prisão do empresário, o dinheiro do grupo escolar começou a secar.
No início deste ano, chegou-se a cogitar a falência do Alub. Mas o grupo continuou a funcionar aos trancos e barrancos. Unidades foram sendo fechadas, empregados, demitidos. Os atrasos salariais se tornaram rotina, a ponto de a escola suspender as aulas por vários dias devido à falta de professores.
Transferências
Os pais de alunos começaram a cobrar a direção do colégio, mas as justificativas para as seguidas suspensões das aulas não convenceram. Ficaram claras as dificuldades para a continuidade da escola. Segundo pais de alunos e funcionários da escola, o Alub está se tentando transferir os estudantes para instituições públicas e privadas.
Vários pais foram avisados de que todos os custos das transferências, em final de semestre, ficarão por conta deles. Alguns alegam que pagaram, antecipadamente, todas as mensalidades por meio do cartão de crédito. A perspectiva é de que recorram à Justiça. Porém, admitem que, dificilmente, verão a cor do dinheiro.
O maior temor dos pais é de que os filhos percam o ano letivo se nenhuma solução drástica for tomada pela direção do Alub para reverter as dificuldades. “A sensação é de que não há mais o que fazer”, ressalta o pai de um estudante do nono ano.
Brasília, 20h01min