“Mercado se divorciou de Bolsonaro”, diz um banqueiro

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Em meio à guerra travada entre o Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, de um lado, e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), de outro, agentes financeiro dizem que o mercado financeiro se divorciou de vez do presidente Jair Bolsonaro. “Não há mais relação. Agora, é torcer para ver se o número de bobagens ditas por ele diminui”, diz um banqueiro.

Para ele, até um mês atrás, ainda havia um grupo relevante do mercado que tentava manter uma boa relação com o governo. Agora, porém, não há mais essa possibilidade. E o fato de a Febraban assinar um manifesto em favor da democracia é um ponto importante para reforçar o rompimento.

A visão prevalente entre os gigantes do mercado é a de que, daqui por diante, Bolsonaro vai radicalizar, sobretudo se mostrar alguma força com as manifestações de Sete de Setembro. “Bolsonaro vai tentar fazer de tudo para derrubar o regime democrático. Ele só pensa nisso”, ressalta o banqueiro.

Segundo o executivo, o atual governo colocou o Brasil em uma rota da qual será difícil sair, combinando inflação alta, desemprego resistente, juros subindo, dólar muito acima do justificável e racionamento de energia. “Portanto, há razões de sobra para o pessimismo que impera no país”, afirma.

O banqueiro acredita que, diante das barbaridades que vem fazendo, Bolsonaro pode ter o mandato cassado. Mas será difícil tirá-lo da cadeira mais importante do Palácio do Planalto. “Ele deveria se mirar na ex-presidente Dilma Rousseff, que entregou o mandato pacificamente quando teve o impeachment aprovado, e no ex-presidente Lula, que ficou preso por um bom período”, diz.

Na avaliação do banqueiro, a tensão política que se observa no ar só está no começo. “Daqui até às eleições de 2022, a turbulência só vai aumentar. O resultado disso é que os investimentos no país vão minguar. Será ruim para todo mundo, sobretudo para os mais pobres, que sempre pagam a conta”, enfatiza.

Brasília, 19h48min

Vicente Nunes