Esplanada Foto: Breno Fortes/CB/D.A. Press

Mercado estranha que XP e BTG Pactual tenham ficado de fora da carta de cobrança ao governo

Publicado em Economia

No mercado financeiro, nada passa despercebido. E muita gente se deu ao trabalho de checar, nome por nome, as pessoas que assinaram a carta que cobra ações enérgicas do governo federal para o combate à pandemia do novo coronavírus. Já são quase 1.500 assinaturas, mas nenhuma da XP Investimentos e do BTG Pactual.

 

A percepção é uma só: XP e BTG Pactual são as instituições financeiras com maior trânsito na Esplanada dos Ministérios. Há integrantes do governo que mudam a agenda para receber representantes dessas duas instituições financeiras. Não há pedido negado para elas.

 

Ou seja, na visão de integrantes do mercado, XP e BTG Pactual não quiseram comprar briga com o governo. A carta, assinada por banqueiros, economistas, empresários e ex-ministros da Fazenda, teve forte impacto no Congresso e no Palácio do Planalto. O presidente Jair Bolsonaro se sentiu muito incomodado.

 

Na avaliação daqueles que assinam a carta pública, a vacinação em massa é urgente e é preciso que o governo se guie pela ciência e deixe de lado as fake news. “Estamos no limiar de uma fase explosiva da pandemia e é fundamental que a partir de agora as políticas públicas sejam alicerçadas em dados, informações confiáveis e evidência científica”, dizem, no documento.

 

Para economistas, banqueiros e empresários, não há mais tempo a perder em debates estéreis e notícias falsas. “Precisamos nos guiar pelas experiências bem-sucedidas, por ações de baixo custo e alto impacto, por iniciativas que possam reverter de fato a situação sem precedentes que o país vive”, ressaltam na carta.

 

Ao Blog, um dos banqueiros diz que não havia mais como se eximirem diante da gravidade da situação, com número recorde de mortes diárias — mais de 2 mil — e colapso do sistema de saúde em praticamente todos os estados e no Distrito Federal. “Estamos no limite. Não dá mais para ficar calado”, afirma.

 

No entender do banqueiro, “todos os que assinaram a carta, banqueiros ou não, o fizeram para expressar uma legítima preocupação com o gravíssimo momento de piora do quadro da pandemia”. E enfatiza: “É um grito de muitos que estavam até agora em silêncio”.

 

Brasília, 22h31min