Mercadante no BNDES seria uma solução política para Haddad e Lula

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ROSANA HESSEL

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o futuro ministro da Fazenda Fernando Haddad estão com dificuldades para conseguir encaixar o economista Aloizio Mercadante no primeiro escalão do novo governo na Esplanada dos Ministérios, dada a resistência de parlamentares, inclusive do partido fontes da transição.

“Mercadante não pode ser ministro, os deputados e senadores não querem ver o ex-senador em Brasília”, disse um integrante da equipe de transição.  A solução mais provável será indicar Mercadante para a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que tem sede no Rio de Janeiro e não tem ações negociadas em Bolsa como a Petrobras, outra possibilidade descartada pela fonte.

O nome de Mercadante no BNDES não agradou o mercado, após o vazamento dessa possibilidade na imprensa, o que não deverá ser levado em conta nas escolhas de Lula — que anunciou Haddad para chefiar a equipe econômica mesmo com a gritaria dos agentes financeiros. A maioria está preocupada com a volta do crédito subsidiado do BNDES, que ajudou a explodir a dívida pública bruta durante o governo Dilma Rousseff (PT). Fontes da transição confirmaram que está praticamente certa a indicação de Mercadante para a presidência do BNDES, pois o importante é evitar atritos para a composição da base aliada.

Para os demais bancos públicos, como Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, a ideia é escolher mulheres para o comando dessas instituições. Contudo, os nomes ainda não estão definidos, segundo uma fonte próxima ao futuro ministro.

Ex-ministro da Casa Civil no governo Dilma Rousseff (PT), Mercadante é um dos coordenadores da equipe de transição do governo. Presidente da Fundação Perseu Abramo, o ex-senador paulista coordenou a elaboração do plano de governo da campanha de Lula. Ele foi um dos aliados que sempre esteve próximo de Lula, mesmo quando ele foi preso. Portanto, há uma expectativa de compensação com algum cargo importante e com remuneração muito mais polpulda do que na Esplanada dos Ministérios. A remuneração atual do presidente do BNDES gira em torno de R$ 80 mil por mês. O teto do funcionalismo é menos da metade desse valor: R$ 39,2 mil.

Outro integrante da equipe que ainda não tem um futuro definido é o ex-ministro da Fazenda e do Planejamento Nelson Barbosa, que é um dos nomes cotados para a presidência da Petrobras. O senador Jean Paul Prates (PT-RN), que também integra o grupo de transição, é outro nome que é sempre mencionado entre os integrantes do novo governo.

Vicente Nunes