Fabio Kanczuk Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Melhora na previsão de crédito é reflexo da inflação, diz Kanczuk

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

O Banco Central elevou a projeção de crescimento do saldo das operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFI) para 2021 e para 2022. Conforme dados do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta-feira (16/12), as taxas de alta passaram de 12,6% para 14,6%, neste ano, e de  % para , no ano que vem.

 

O RTI informou que a revisão decorreu “de surpresas positivas” nos últimos três meses nos saldos nominais do setor de crédito das pessoas física e jurídica e do impacto do aumento na inflação esperada para o final do ano.  Contudo, essa melhora, de acordo com o diretor de Política Econômica do Banco Central, Flavio Kanczuk, “são coisas pequenas” e refletem, em grande parte, o crescimento da inflação sobre o estoque nominal.

 

“A história continua a mesma, de desaceleração do crédito é concentrada nos direcionados a pessoa jurídica. Mas não há nada de novo”, afirmou o diretor a jornalistas, durante a apresentação virtual do RTI.

 

De acordo com dados do Relatório de Inflação, que revisou para baixo as estimativas de crescimento do país em 2021 e em 2022, o mercado de crédito bancário “evoluiu favoravelmente nos últimos meses”. “As contratações das empresas no segmento livre aumentaram, principalmente nas modalidades de curto prazo, e mais do que compensaram o arrefecimento no ritmo de expansão das concessões às famílias”, destacou o relatório. “Os dados do mercado de crédito bancário mostraram crescimento acima do esperado nas carteiras de crédito livre e do crédito direcionado às famílias”, acrescentou.  O documento ainda informou que, “como esperado, o crescimento do saldo de crédito direcionado a pessoas jurídicas continua exibindo relevante desaceleração”. 

 

A projeção de crescimento do saldo das operações de crédito do SFN em 2021 foi elevada de 12,6% para 14,6%.  As modalidades de crédito a pessoas físicas com recursos livres tiveram a variação do saldo revisada de 18,0% para 20,0%, e as com recursos direcionados de 14% para 17%. Nos financiamentos às empresas, as projeções para o aumento do saldo foram elevadas de 13,0% para 15,0% no segmento livre, e de 0,0% para 1,0% no direcionado. Para 2022, projeta-se crescimento de 9,4% do estoque de crédito, ante 8,5% no Relatório anterior. 

 

“A revisão considerou a persistência no crescimento do crédito nominal e os níveis maiores de inflação corrente e projetada, fatores que compensam a deterioração do cenário prospectivo para a atividade econômica e o maior nível esperado de taxas de juros”, destacou o documento.

 

Ao justificar a redução das projeções do PIB de 2021 e de 2022, Kanczuk reconheceu que a piora das previsões é reflexo da revisão para queda no desempenho da agricultura deste ano e da deterioração das condições financeiras no ano que vem. “Os dados correntes e a mudança nas condições financeiras mostram esse aperto relevante. Esse aperto recente foi causado por parte piora na longa da curva de juros, risco país, depreciação cambial e juros nos Estados Unidos”, afirmou.

 

Copom esvaziado

 

Como o mandato está acabando, Kanczuk está deixando a diretoria do Banco Central, assim como o diretor João Manoel Pinho (de Organização do Sistema Financeiro). De acordo com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nos dias 1º e 2 de fevereiro, terá um diretor a menos devido ao adiamento da sabatina dos indicados para substituir os dois diretores, que estava prevista para esta semana.

 

Um dos indicados, Diogo Abry Guillen, é genro do banqueiro Fábio Colletti Barbosa, que foi diretor-presidente do Santander, e atualmente, é conselheiro do Itaú Unibanco.