Meirelles, dizem técnicos do governo, convenceu os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Eunício Oliveira, a difundirem o discurso de que são contra qualquer alteração nas metas fiscais, de deficit de até R$ 139 bilhões neste ano e de até R$ 129 bilhões em 2018.
Segundo técnicos do governo, Meirelles está tentando sustentar o discurso de compromisso com as metas acertadas para manter a credibilidade junto aos investidores. Mas os números que já foram apresentados ao presidente Michel Temer indicam que o estrangulamento da máquina pública é geral. O dinheiro em caixa só paga as contas até o fim de agosto.
O acerto entre Meirelles, Maia e Eunício para manter a posição contra a mudança na meta foi reforçado em reunião nesta terça-feira, 1º de agosto. Eunício diz que, em vez de mudar a meta, o Senado e a Câmara têm que aprovar medidas que reforcem os cofres da União sem aumento de impostos.
“Tanto Maia quanto eu temos dificuldades de aceitar a modificação na meta fiscal. Temos que encontrar mecanismos que estão dentro da Câmara e do Senado que não seja o acréscimo de impostos e que não seja a geração de inflação”, ressalta Eunício.
Segundo ele, “houve um entendimento da área econômica com a Câmara e com o governo, que preservaremos no Senado, para que a arrecadação aconteça sem acréscimo de imposto e sem mudança na meta fiscal”.
Boa parte da equipe econômica reconhece que o esforço de Meirelles para não derrubar seu discurso fiscalista é aceitável, mas a realidade das contas públicas é dramática e não haverá outra saída a não ser a mudança nas metas. O anúncio deve ser feito na próxima semana, quando será feito, também, o descontingenciamento de parte dos R$ 45 bilhões bloqueados do Orçamento.
Brasília, 15h40min