Assessores próximos do presidente da República garantem que o principal motivo para a demora do governo em liberar recursos para trabalhadores e informais em meio à pandemia do novo coronavírus é o medo de abrir brecha para um processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. “Ele teme armadilhas”, diz um dos assessores.
Não por acaso, tanto o presidente quanto o ministro da Economia, Paulo Guedes, têm reforçado a necessidade de o Congresso aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que permita o desrespeito à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). “A PEC Emergencial dá ótimas garantias ao governo”, afirma o mesmo assessor.
Para Bolsonaro, é preciso ter todo o cuidado quando o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) dizem que, no atual estágio da crise, não há limites para gastos, nem teto de gastos nem regra de ouro. O temor do presidente é que, mais à frente, Congresso e STF se unam contra ele num processo de impeachment.
Na avaliação do presidente, há uma conspiração contra seu mandato. Ele não quer repetir o destino de Dilma Rousseff, que foi apeada do poder acusada de ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal. “Quanto mais garantias o presidente tiver, mais seguro ele vai ficar”, frisa um outro assessor.
Ele ressalta ainda que Bolsonaro tem sido alertado constantemente pelos filhos sobre os riscos que corre. “O presidente não tem amigos no Congresso nem no STF. Se vacilar, vai cair feio. Portanto, é melhor sofrer o desgaste de que está demorando para socorrer empresas e trabalhadores do que entregar o ouro para os inimigos”,
Brasília, 17h47min