MB Associados revisa queda do PIB de 2020 de 6,4% para 5,3%

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ROSANA HESSEL

A MB Associados acaba de revisar a previsão para a queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 2020, passando de 6,4% para 5,3%, devido à melhora nos principais indicadores do segundo trimestre.

Nessa nova previsão, a consultoria estima retração de 6,5% na indústria e de 2% no comércio em um cenário de inflação de 2% e taxa básica de juros de 2% ao ano.  A nova projeção está mais pessimista que a do governo, que prevê queda do PIB de 4,7%.

De acordo com o economista-chefe da MB, Sergio Vale, com os indicadores do segundo trimestre vindo melhores do que o esperado, a previsão para a retração do PIB entre abril e junho passou de 13,7% para 11,9%. A melhora nas projeções, segundo ele, levam em conta o impacto positivo das medidas do governo no combate aos efeitos da covid-19. “Por mais que os programas tenham atrasado, como o auxílio emergencial, foi possível evitar resultados piores no consumo, especialmente, na parte final do trimestre”, afirmou.

Além do benefício emergencial, entraram na conta para a melhora das projeções o bom desempenho do setor agrícola, especialmente, no Centro Oeste, e o fato de a quarentena no Brasil foi mais frouxa do que nos países europeus. “A agricultura tem sido importante fator para essa melhora das projeções”, acrescentou Vale, em entrevista ao Blog.

Para 2021, o economista da MB manteve as previsões de avanço de 2,2% no PIB brasileiro, bem abaixo do cenário otimista do governo que espera crescimento de 3,2%.

Sergio Vale ainda destacou que os riscos fiscais devem entrar no radar da retomada e citou o livro recém-lançado de Felipe Salto e Josué Pellegrini, “Contas públicas no Brasil”. “A crise fiscal que está sendo montada não é pequena e parte, basicamente, de duas frentes: nosso falho federalismo fiscal e a pressão do funcionalismo público”, escreveu Vale em seu comentário ao mercado.

O economista lembrou que, além da questão fiscal, o desemprego também preocupa bastante no próximo ano, porque ele deve chegar perto de 17% até 2021. Ele acredita ainda que uma segunda onda de contágio pode ter um impacto menor . “Preocupação maior é emprego e fiscal. Com a vacina saindo em algum momento no começo do ano que vem, isso melhora. Não me parece que uma segunda onda seria tão devastadora pelo conhecimento que já temos”, destacou.

Vicente Nunes