Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados/Rosana Hessel/DAPress

MB Associados eleva de 2,6% para 3,2% previsão de crescimento do PIB

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

Apesar do agravamento da pandemia da covid-19 desde março, os resultados melhores do que o esperado, principalmente, para a  indústria e do comércio, neste início do ano, tem feito analistas revisarem para cima as projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) diante dos dados do primeiro trimestre.

 

É o caso da MB Associados, que elevou de 2,6% para 3,2% a previsão de crescimento do PIB neste ano, mas manteve em 1,8% a previsão para o ano que vem. A consultoria ainda descartou a possibilidade de PIB negativo nos primeiros três meses do ano na margem, mas prevê queda de 0,1% na comparação com o primeiro trimestre de 2020.

 

“Diversos indicadores de atividade mostraram quedas relativamente moderadas em março, o que não foi suficiente para eliminar totalmente os bons resultados de janeiro e, especialmente, fevereiro. Com isso, revisamos a projeção de PIB de 2,6% em 2021 para 3,2%, mantendo o crescimento de 1,8% ano que vem”, explicou Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.

 

De acordo com o economista, o primeiro trimestre deve apresentar leve alta de 0,2% na margem, ou seja, contra o quarto trimestre de 2020. Alguns segmentos devem continuar com recuperação lenta, especialmente parte de serviços, como os serviços prestados às famílias, “que mantiveram queda acentuada similar ao que víamos no segundo semestre do ano passado”.

 

“A recuperação claramente foi mais evidente na indústria e no comércio, mas nos serviços, como esperado por causa da pandemia, a retomada tende a ser mais lenta. A boa notícia é que da mesma forma que o primeiro trimestre apresentou bons resultados, o segundo trimestre, que tem a base de comparação catastrófica da pandemia ano passado, também tende a apresentar resultados melhores”, afirmou Vale.

 

A MB também revisou de 6,4% para 8,1% o crescimento interanual do segundo trimestre de 2021, o que significará uma queda na margem de 1,2%. “Matemos uma dose de incerteza atrelada à lentidão da vacinação, que acreditamos consiga se acelerada no quarto trimestre. Lembrando que consideramos a vacinação completa com segunda dose como a relevante e não apenas a primeira dose. Com a demora na vacinação, os riscos de uma terceira onda não podem ser descartados, o que poderia afetar particularmente o terceiro trimestre”, disse Vale.

 

Na avaliação do especialista, por ora, os sinais são positivos para a economia e “tende a ser difícil crescer abaixo de
3% neste ano”.  Entretanto, vale lembrar que a recuperação da economia ocorrida no segundo semestre de 2020, em grande parte, devido aos estímulos fiscais, especialmente, o impulso no consumo provocado pelo auxílio emergencial no ano passado, deixou um carregamento estatístico, em torno de 3,6%, pelas estimativas de analistas do mercado, para o ano de 2021.

 

Logo, um crescimento de 3,2% no PIB deste ano — a mesma previsão do Ministério da Economia — ainda ficará abaixo dessa “herança” contábil deixada pelo PIB de 2020, mostrando que a recuperação da atividade econômica no meio da pandemia da covid-19 continua sendo desafiadora. Ainda mais se olharmos para 2022, ano em que tanto a MB e quanto o Itaú Unibanco preveem uma desaceleração no PIB para uma taxa de 1,8% no PIB, abaixo do PIB potencial.

 

Pelos cálculos do economista-chefe do Itaú Unibanco, Mário Mesquita, o PIB potencial gira em torno de 2%, ou seja, essa é a taxa que a economia brasileira tem capacidade para crescer de forma inercial por um período mais prolongado. O banco elevou de 3,6% para 4% a previsão de crescimento do PIB de 2021, também em decorrência dos indicadores melhores do que o esperado no início do ano.