A carta de demissão foi entregue hoje à tarde ao presidente Temer. A amigos, ela disse que já vinha amadurecendo a ideia. Tudo, segundo ela, foi decidido de forma muito tranquila. Mas é sabido que havia uma pressão grande do empresariado contra Maria Silvia, sob a alegação de que ela estava travando a liberação de recursos.
Maria Silvia é a primeira das técnicas do alto escalão do governo a pedir demissão. Temer enfrenta a sua mais grave crise, detonada pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, do JBS, grupo que recebeu mais de R$ 8 bilhões em empréstimos do BNDES e irrigou o caixa dois de centenas de políticos.
Na conversa nada republicana que Temer teve com Joesley, revelada em 17 de maio, o empresário reclamou com o presidente de Maria Silvia. Alegou que estava difícil o acesso ao BNDES.
Veja a carta que Maria Sílvia enviou aos empregados do BNDES:
“Prezados benedenses,
Nesta sexta-feira, 26 de maio, informei pessoalmente ao presidente Michel Temer a minha decisão de deixar a presidência do BNDES.
Todos os diretores permanecem no cargo e o diretor Ricardo Ramos, pertencente ao quadro de carreira do BNDES, responderá interinamente pela presidência do Banco.
Deixo a presidência do BNDES por razões pessoais, com orgulho de ter feito parte da história dessa instituição tão importante para o desenvolvimento do país. Nas duas passagens que tive pelo Banco, como diretora, nos anos 90, e agora, como presidente, vivi experiências desafiadoras e de grande importância para a minha vida profissional e pessoal.
Neste ano à frente da diretoria do BNDES busquei olhar para o futuro, estabelecendo novos modelos de negócios e estratégias para o Banco, sem descuidar do passado e do presente, sempre tendo em mente preservar e fortalecer a instituição e seu corpo funcional.
Desejo boa sorte a todos, esperando que sigam trabalhando para que o BNDES continue sendo o Banco que há 65 anos faz diferença na vida dos brasileiros.
Um grande abraço,
Maria Silvia”.