Desde que chegou ao Banco Central, Ilan Goldfajn promoveu uma série de mudanças na forma de comunicação do Comitê de Política Monetária (Copom). Seus aliados dizem que não há nenhuma surpresa nisso, uma vez que, já no discurso de posse na presidência da instituição, ele avisou sobre a necessidade de melhorar o diálogo do BC com a sociedade, ampliando a transparência.
Mas há gente de mercado dizendo que Ilan está indo depressa demais nas alterações das regras do Copom. Ele começou com a mudança do horário no segundo dia de reunião do Comitê. O encontro começará às 14h30 e não mais as 16h30. Também antecipou a divulgação da ata da reunião de quinta para a terça-feira seguinte à decisão sobre a taxa básica de de juros (Selic).
Agora, o BC informa que vai acabar com a coletiva de imprensa na qual anunciava o resultado do Copom e só publicará a decisão sobre a Selic no site da instituição. Também mudarão o comunicado pós-reunião e o formato da ata que detalha os motivos que embasaram a posição do Comitê.
Há quem diga que, por arrogância, Ilan quer deixar sua marca no Copom. O grupo do mercado que defende essa tese diz que mudanças bruscas, sobretudo no comunicado e na ata, podem ser perigosas, por deixarem os especialistas sem parâmetros de comparação.
A falta de detalhamento sobre as mudanças no Copom anunciadas nesta quarta-feira, dia de decisão do Copom, está gerando uma série de especulações. Dizem que o comunicado pós-Copom seguirá o modelo usado pelo BC do Chile, com três parágrafos e mais detalhes sobre o que pensa a autoridade monetária, em vez de apenas poucas linhas, como prevalece aqui. Ressaltam, também, que a ata será mais curta e menos hermética como a atual.
Se queria provocar alvoroço no mercado em dia de reunião no BC, Ilan conseguiu. Até porque a decisão sobre a Selic está praticamente dada: ficará em 14,25% ao ano por mais uma temporada.
Brasília, 11h05min