Maior parte dos postos em Brasília tem o mesmo preço. Governo denuncia cartel

Compartilhe

BRUNO SANTA RITA

De 29 pontos no Plano Piloto e no Sudoeste visitados pelo Blog, 20 têm o mesmo preço para a gasolina nas bombas: R$ 4,29. Nos demais, a variação é mínima, de R$ 0,04 (R$ 4,25) a R$ 0,15 (R$ 4,44). Não por acaso, o governo decidiu fazer uma denúncia formal ao Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade) acusando os postos de formação de cartel no Distrito Federal e em todo o país.

Segundo o secretário-geral da Presidência da República, Moreira Franco, o governo quer saber o porquê de os preços só mudarem nas bombas quando a Petrobras anuncia aumentos nas refinarias. Quando a estatal divulga queda de preços, esse movimento, na maior parte dos casos, não é repassado aos consumidores. Ou seja, os preços só se movimentam para um lado, para cima.

Se o consumidor sair do Plano Piloto para abastecer o carro, consegue até preços melhores. Em Águas Claras, em dois postos às margens da EPTG, o litro da gasolina está vendo vendido por R$ 3,899. No Guará, também às margens da EPTG, é possível encher o tanque por R$ 4,09.

As denúncias do governo têm fundamento. Em Brasília, no fim de 2015, o Cade, o Ministério Público e a Polícia Federal desbarataram um cartel de postos por meio da Operação Dubai. A maior rede de estabelecimento, a Cascol, sofreu forte intervenção e teve que pagar multa milionária. À época, descobriu-se que a combinação de preços impunha prejuízos de R$ 1 bilhão por ano aos consumidores.

Recentemente, o Ministério Público passou a investigar a formação de cartel em Goiânia. O governo acredita que a combinação de preços está disseminada por todo o país e que investigações mais profundas do Cade vão confirmar isso. Para dar maior transparência aos preços, em vez de divulgar mudanças nos preços dos combustíveis em percentuais, a Petrobras passará a anunciar os valores, para baixo ou para cima.

Os consumidores reclamam muito. Em qualquer posto de abasteçam, reclamam da falta de concorrência e da proximidade dos preços. Um ou outro estabelecimento quebra esse movimento que, segundo o Palácio do Planalto, parece ser combinado.

Brasília, 19h01min

Vicente Nunes